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Militares negam acesso a presos e apagam fotos
DO ENVIADO A GUANTÁNAMO
Se aumentar a transparência
reduz suspeitas, então o governo americano perde a oportunidade de convencer que atende a normas internacionais de
direitos humanos no tratamento dos prisioneiros em Guantánamo. Por um lado, permite a
visita de jornalistas e observadores ao Campo Delta. Por outro, realiza censura prévia e impede qualquer contato direto
com detentos e interrogadores.
Depois de percorrer os chamados campos de detenção,
entrevistar militares e obter
acesso parcial ao cotidiano dos
presos, a reportagem da Folha
passou pela censura do Departamento da Defesa. Dezesseis
fotografias foram vetadas por
mostrar a vulnerabilidade do
Campo Iguana -colado à costa, sem vigilância externa- e a
localização exata de moinhos
de vento e da usina dessalinizadora de água.
A operação é feita na última
noite, quando são vistoriados
câmera e computador pessoal.
A submissão à censura é requisito básico para que a visita
seja aprovada pelo Comando
da Força-Tarefa Guantánamo,
que coordena a missão no local. Segundo militares ouvidos
pela Folha, que pediram o anonimato, nenhum pedido de visita foi negado até hoje. E também não houve violações por
parte de jornalistas.
Indagados sobre que medidas seriam tomadas caso houvesse desrespeito à censura
-apelidada de "revisão de segurança"- oficiais disseram
superficialmente que o governo buscaria a demissão do repórter, sem dar mais detalhes
sobre como isso seria feito
-por processo judicial ou
pressão política à publicação.
Mesmo o acesso limitado é
monitorado. Um oficial de Relações Públicas deve manter vigilância de 24 horas sobre os
jornalistas. Para isso, se hospeda num quarto no mesmo hotel. Para entrar no Campo Delta, dois oficiais e dois sargentos
fazem a escolta o tempo todo.
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