São Paulo, domingo, 02 de abril de 2006

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Militares negam acesso a presos e apagam fotos

DO ENVIADO A GUANTÁNAMO

Se aumentar a transparência reduz suspeitas, então o governo americano perde a oportunidade de convencer que atende a normas internacionais de direitos humanos no tratamento dos prisioneiros em Guantánamo. Por um lado, permite a visita de jornalistas e observadores ao Campo Delta. Por outro, realiza censura prévia e impede qualquer contato direto com detentos e interrogadores.
Depois de percorrer os chamados campos de detenção, entrevistar militares e obter acesso parcial ao cotidiano dos presos, a reportagem da Folha passou pela censura do Departamento da Defesa. Dezesseis fotografias foram vetadas por mostrar a vulnerabilidade do Campo Iguana -colado à costa, sem vigilância externa- e a localização exata de moinhos de vento e da usina dessalinizadora de água.
A operação é feita na última noite, quando são vistoriados câmera e computador pessoal.
A submissão à censura é requisito básico para que a visita seja aprovada pelo Comando da Força-Tarefa Guantánamo, que coordena a missão no local. Segundo militares ouvidos pela Folha, que pediram o anonimato, nenhum pedido de visita foi negado até hoje. E também não houve violações por parte de jornalistas.
Indagados sobre que medidas seriam tomadas caso houvesse desrespeito à censura -apelidada de "revisão de segurança"- oficiais disseram superficialmente que o governo buscaria a demissão do repórter, sem dar mais detalhes sobre como isso seria feito -por processo judicial ou pressão política à publicação.
Mesmo o acesso limitado é monitorado. Um oficial de Relações Públicas deve manter vigilância de 24 horas sobre os jornalistas. Para isso, se hospeda num quarto no mesmo hotel. Para entrar no Campo Delta, dois oficiais e dois sargentos fazem a escolta o tempo todo. (ID)


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