São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

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VENEZUELA

Manifestações simultâneas de 1º de maio ocorreram sem incidentes

Caracas tem marchas de chavistas e de oposição

DA REDAÇÃO

Dezenas de milhares de venezuelanos saíram às ruas de Caracas ontem para duas marchas simultâneas, uma de apoio ao presidente Hugo Chávez e outra contra, nas primeiras grandes manifestações após o frustrado golpe de Estado de três semanas atrás.
Cerca de 1.500 policiais acompanharam os protestos, patrulhando as ruas e ocupando os telhados dos prédios mais altos, de onde franco-atiradores não-identificados haviam disparado na multidão durante a megamanifestação contra Chávez no dia 11 de abril, que deixou 17 mortos.
Segundo fontes policiais, a marcha pró-Chávez, organizada pela FBT (Força Bolivariana de Trabalhadores) teria reunido cerca de 100 mil pessoas, e, a manifestação da oposicionista CTV (Confederação de Trabalhadores da Venezuela), 50 mil.
Mas os organizadores da marcha oficialista disseram ter juntado 1 milhão de manifestantes, enquanto a CTV disse que 300 mil participaram de sua marcha. A megamanifestação do dia 11, organizada em conjunto pela CTV e pela Fedecámaras (principal associação empresarial do país) teria reunido até 500 mil pessoas, segundo as estimativas.
Apesar dos temores sobre embates entre manifestantes chavistas e oposicionistas, não havia incidentes graves até o final da tarde. Ainda assim, as duas manifestações rivais de 1º de maio evidenciavam a ainda forte tensão política que reina no país e a permanência de uma forte divisão na sociedade venezuelana.
"Ele está de volta! Ele está de volta!", gritavam os milhares de simpatizantes de Chávez, muitos deles vestindo boinas vermelhas -parte do uniforme dos paraquedistas do Exército e que se tornou símbolo de Chávez desde que ele liderou um golpe frustrado contra o então presidente Carlos Andrés Pérez, em 1992.
A marcha oposicionista passava a apenas alguns quarteirões de distância. Alguns participantes vestiam camisetas com um alvo desenhado e a inscrição "Eu não sou um alvo", numa referência de humor negro sobre as mortes na manifestação do dia 11.
A oposição acusa Chávez de ter ordenado a repressão à manifestação e o responsabilizam pelas mortes. Chávez e seus aliados negam e afirmam que manifestantes chavistas também foram mortos naquele dia. O presidente prometeu um inquérito independente para apurar as mortes e instalou nesta semana uma comissão de diálogo para diminuir as tensões com a oposição.


Com agências internacionais

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