São Paulo, quinta-feira, 02 de maio de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

PAQUISTÃO

Presidente obteve mais de 97% dos votos, segundo funcionários eleitorais, mas vitória é contestada por acusações de fraude

Plebiscito dá a Musharraf mais cinco anos no poder

SIMON DENYER
DA REUTERS, EM ISLAMABAD

O presidente do Paquistão, general Pervez Musharraf, conseguiu uma vitória esmagadora no plebiscito conduzido ontem para decidir sua permanência no poder por mais cinco anos, mas seu triunfo foi contestado por acusações de fraude eleitoral.
Funcionários eleitorais disseram que Musharraf ganhou com mais de 97% dos votos a seu favor e um índice de comparecimento dos eleitores às urnas que teria superado os 70%. A oposição afirma que o número real de pessoas que votaram foi muito menor.
Criticado internacionalmente depois de assumir o poder num golpe de Estado, em outubro de 1999, Musharraf, desde então, ganhou apoio dos EUA por ter apoiado a campanha antiterror.
A idéia era que o plebiscito lhe desse o mandato popular para levar adiante suas reformas econômicas e políticas e para permanecer no poder após as eleições parlamentares de outubro. Alguns analistas, porém, dizem que o resultado pode até enfraquecer sua posição, devido à maneira como o plebiscito foi conduzido, com o uso da máquina do Estado.

"Erro político"
"O plebiscito foi o maior erro político já cometido por Musharraf", disse o analista político Mushahid Hussain. "O processo todo não foi justo, livre ou transparente. Enfraqueceu o presidente moral e politicamente", afirmou.
Na última eleição parlamentar, em 1997, menos de 36% dos eleitores compareceram às urnas. Os resultados de agora surpreenderam os observadores independentes, que disseram que os postos de votação nas duas maiores cidades do país, Karachi e Lahore, estavam calmos ontem.
Os partidos oposicionistas, que tinham convocado um boicote ao plebiscito classificando-o de não-democrático, estimaram o índice de comparecimento às urnas em apenas entre 5% e 7% e pediram a renúncia de Musharraf. ""Rejeitamos este resultado", disse à Reuters Farhatullah Babar, porta-voz da premiê exilada Benazir Bhutto. ""Não há dúvida de que o regime Musharraf fraudou o voto."



Texto Anterior: Terrorismo: ETA explode dois carros-bomba em Madri
Próximo Texto: Afeganistão: EUA reforçam ação na fronteira paquistanesa
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.