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São Paulo, sexta-feira, 02 de maio de 2003

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PÓS-GUERRA

Forças americanas serão mudadas da Alemanha para países do leste, que apoiaram ofensiva contra o Iraque

EUA alteram estratégia militar na Europa

DA REDAÇÃO

Uma dramática alteração na estratégia militar americana relacionada à Europa vem ocorrendo desde o final da guerra no Iraque, com a mudança de forças militares dos EUA de bases na Alemanha para outras na "nova" Europa, incluindo a Bulgária, a Romênia, a Polônia e a Hungria.
Segundo relatos da mídia americana, boa parte da 1ª Divisão Blindada dos EUA, que tem 17 mil homens e foi enviada ao Iraque de bases na Alemanha, não retornará ao território alemão.
Enquanto isso, o ministro da Defesa da Romênia, Ioan Mircea Pascu, anunciou que, "em breve", serão realizadas reuniões entre autoridades romenas e americanas para discutir a possibilidade do envio de mais militares dos EUA a bases situadas em seu país.
A decisão de reduzir gradativamente a presença das forças americanas na Alemanha -e na Arábia Saudita, conforme planos do Pentágono- expõe como a guerra no Iraque alterou as prioridades militares de Washington.
A fase atual (pós-conflito) vem sendo usada -pelos americanos- para buscar reordenar as bases da segurança internacional. Assim, Washington realizará sua maior reorganização militar desde a Segunda Guerra Mundial.
Mais de 112 mil soldados americanos ficam estacionados na Europa normalmente, e 80% passaram pela Alemanha. Mas, após as duras críticas dos governos alemão e francês à guerra ao Iraque liderada pelos EUA, o Pentágono parece inclinado a dar mais atenção ao leste do continente.
Países que pertenciam ao bloco comunista, que já fazem parte da Otan (aliança militar ocidental), têm duas vantagens atualmente aos olhos dos americanos.
Primeiro, apoiaram incondicionalmente a ação dos EUA para depor o ex-ditador Saddam Hussein. Segundo, possuem, em seu território, bases militares situadas em locais estratégicos para monitorar o Oriente Médio e a Ásia.
Com isso, o panorama mais provável aponta para uma série de pequenas bases situadas no Leste Europeu, abrigando um número limitado de soldados americanos, com uma parte significativa deles retornando aos EUA. Essa estratégia se encaixa perfeitamente nos planos do secretário da Defesa dos EUA, Donald Rumsfeld, que pretende criar forças mais rápidas e mais ágeis.
O principal comandante militar americano na Europa, o general James Jones, pediu a criação de uma "família de bases", que poderia ir de "frio a quente ou a muito quente se necessário".
Essa característica permitiria uma expansão periódica das forças dos EUA -quando isso fosse considerado necessário pelos comandantes militares- e ajudaria a evitar um problema político com a Rússia.
Como parte do acordo com Moscou para obter a expansão da Otan, na década de 90, Washington concordou em não abrir novas bases militares nos países que pertenciam ao bloco comunista.

Turquia
Os EUA fecharam ontem sua última missão militar de importância na Turquia, em outra medida que se insere na mudança da estratégia militar americana. Essa alteração também atinge o Oriente Médio e põe em dúvida a importância estratégica da Turquia.
Segundo autoridades americanas, a razão da mudança é o fato de o Iraque não mais constituir uma grande ameaça, tornando desnecessárias missões de monitoramento aéreo na zona de exclusão ao norte do território iraquiano. Para realizar essas missões, os aviões dos EUA partiam de bases situadas na Turquia.
Alguns analistas dizem, porém, que a mudança se deve aos problemas encontrados pelos americanos antes do início da guerra, quando queriam que o Parlamento turco aprovasse a utilização de suas bases pelas forças dos EUA.


Com agências internacionais e o "Independent"


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