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ELEIÇÕES NA ARGENTINA
Anunciado para o cargo caso ex-presidente seja eleito, Castro diz que ofensas entre ele e Lula não prejudicam relação
Mercosul será prioridade, diz "chanceler" de Menem
ROGERIO WASSERMANN
DA REDAÇÃO
Anunciado pelo ex-presidente
Carlos Menem (1989-1999) como
seu futuro chanceler, caso consiga
um novo mandato nas eleições do
próximo dia 18, o jornalista e advogado Jorge Castro afirma que a
prioridade da política externa argentina deve ser "a relação com o
Brasil e o Mercosul". Porém Castro diz que o país deve buscar, simultaneamente, uma "inserção
no sistema de poder mundial", o
que implica melhorar as relações
com EUA e União Européia.
A política externa adotada por
Menem em seus governos foi
marcada pelo alinhamento incondicional com os EUA -nas
palavras do então chanceler Guido Di Tella, a busca de "relações
carnais" com os americanos.
Leia a seguir trechos da entrevista concedida por Castro à Folha por telefone, de Buenos Aires.
Folha - A Argentina pode negociar diretamente com os EUA sua
entrada à Alca [Área de Livre Comércio das Américas], ou só por
meio do Mercosul, conjuntamente?
Castro - Deve-se levar em conta
que o Mercosul não foi criado para se transformar em uma barreira frente ao processo de globalização, mas para se inserir de maneira mais competitiva com a ação
dos países que o integram. Portanto, as posições de Brasil e Argentina nas negociações internacionais certamente têm um caráter paralelo, uma vez que seus objetivos são coincidentes.
Folha - O que Menem mudará na
política exterior argentina em relação ao atual governo?
Castro - A situação argentina
atual é de completo isolamento
internacional. Por isso, a questão
prioritária para um novo governo
de Menem é a reinserção do país
no sistema de poder mundial em
todos os planos. Isso também determinará o que serão as características da política econômica interna e internacional.
Folha - Menem e Lula já trocaram
acusações públicas. Pode haver
problemas no relacionamento entre os dois governos por isso?
Castro - Acho que não haverá
nenhum tipo de inconveniente,
porque a relação entre a Argentina e o Brasil é uma questão de Estado. O que está em jogo são as diferenças nacionais dos dois países. Portanto, os líderes dos dois
países colocarão em primeiro plano precisamente o interesse nacional, que tem caráter absolutamente decisivo, tirando toda a relevância sobre qualquer tipo de
diferenças que possa ter havido.
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