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Bush segue script e veta plano de retirada do Iraque
Proposta aprovada por Câmara e Senado atrelava verba ao retorno das tropas
Democratas insistem em cronograma; presidente republicano fala em buscar um acordo para liberar Orçamento para guerra
DENYSE GODOY
DE NOVA YORK
Como prometido, o presidente dos EUA, George W.
Bush, vetou ontem à noite a
proposta orçamentária que definia um calendário para a retirada das tropas americanas do
Iraque -aprovada antes pela
Câmara e pelo Senado, hoje em
mãos da oposição democrata.
"Querem substituir as decisões estratégicas militares por
opiniões políticas. Nossos comandantes em campo ficariam
sujeitos às diretrizes de quem
está em Washington, a milhões
de quilômetros da frente de batalha", disse. "Não faz sentido
avisar o inimigo sobre quando
começaremos a deixar o país.
Marcar a data seria uma irresponsabilidade também em relação ao povo iraquiano, com
quem temos um compromisso." Ele tinha avisado repetidas
vezes que não aceitaria a fixação de um cronograma.
Aprovada no Congresso na
semana passada, a medida
-que destina US$ 124 bilhões
para a guerra e exige que a retirada comece até outubro próximo para terminar em abril de
2008- foi enviada ao presidente à tarde, após cerimônia realizada no Capitólio na qual os democratas Harry Reid, líder da
maioria no Senado, e Nancy Pelosi, presidente da Câmara, assinaram o texto. "Obedecemos
a vontade do povo americano",
afirmou Pelosi.
Durante todo o dia, a oposição lembrou o discurso feito
por Bush em 1º de maio de
2003 a bordo do porta-aviões
Abraham Lincoln, anunciando
que estavam encerrados os
principais combates no Iraque,
sob uma faixa na qual se lia:
"Missão cumprida". "Hoje é o
quarto aniversário do que eu
considero um dos mais vergonhosos episódios da história
americana", comentou a senadora democrata e pré-candidata à Presidência Hillary Clinton. "Nunca um presidente disse "missão cumprida" quando a
missão estava só começando."
Conciliação
Mas, depois do veto, Bush
adotou tom conciliador, convidando os líderes da Câmara e
do Senado a se reunirem com
ele para buscarem um acordo.
"Os democratas sabem que há
congressistas que não concordam com essa proposta -portanto, não terão os votos necessários [dois terços do total] para anular o veto. Eles deram o
seu recado e agora está na hora
de deixar a disputa política de
lado para discutirmos como
mandar dinheiro para os nossos militares, que precisam de
treinamento e equipamentos."
Reid e Pelosi não recuaram.
"Se ele pensa que, com esse veto, vai nos impedir de continuar lutando para mudar o rumo da guerra, está enganado",
disse a presidente da Câmara.
Apesar das declarações e da
expectativa de mais embates,
analistas avaliam que a oposição terá que ceder para evitar
levar a culpa por deixar os soldados em campo sem recursos.
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