São Paulo, sábado, 02 de junho de 2007

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Exército invade campo no Líbano; ao menos 19 morrem

Cerco a Nahr al Bared, usado como base por grupo radical Fatah al Islam, durava 13 dias

Total de mortos no conflito supera cem; acordo proíbe os militares libaneses de entrarem em campos de refugiados palestinos

DA REDAÇÃO

O Exército libanês voltou a bombardear o campo de refugiados palestinos de Nahr al Bared a fim de desalojar o grupo radical islâmico com o qual está há 13 dias em conflito -o pior embate interno no país desde a guerra civil (1975-90). Ontem, a operação deixou ao menos 19 mortos, sendo 16 militantes ou civis e três militares.
A ofensiva começou ao amanhecer e terminou ao cair da noite, com projéteis lançados por tanques e outros blindados. Nuvens provocadas pelos tiros e pelos incêndios dificultavam um dimensionamento preciso.
Em princípio os 12 campos palestinos instalados no Líbano, onde vivem 400 mil, não podem ser vasculhados pela polícia ou pelo Exército libanês. Nahr al Bared está com suas entradas bloqueadas por militares. Dos 40 mil moradores, estima-se que 15 mil ainda permaneçam em suas casas.
A novidade de ontem consistiu, para as tropas regulares, em penetrar algumas centenas de metros, já dentro do campo, para se aproximar de núcleos de atiradores. Pouco depois os mesmos alvos eram varridos pela artilharia para destruir plataformas do grupelho.
Segundo um informante militar libanês, uma unidade de combatentes radicais foi "completamente varrida" do local.

Al Qaeda e Síria
O grupo islâmico Fatah al Islam instalou-se nesse campo localizado ao norte da cidade de Trípoli. Trata-se de uma formação nova e pequena, com não mais de 200 militantes, que teria vínculos com a Al Qaeda.
"Muçulmanos, levantem-se e ajudem seus irmãos de Nahr al Bared, porque essa é vossa obrigação religiosa", exortou Mohamed Hakaima, um dos dirigentes do grupo.
Um porta-voz militar libanês disse que alguns radicais abandonaram as barricadas localizadas perto das entradas do campo e se refugiaram em ruelas escondidas, levando consigo civis que teriam usado como escudo humano. Por meio de alto-falantes, os militares aconselhavam os moradores a não esconder os radicais.
Antes dos incidentes de ontem, o confronto entre a facção muçulmana e o Exército já havia matado ao menos 84 pessoas -35 soldados, 29 radicais e 20 civis. Ontem, segundo fontes libanesas, 60 civis e 17 do Fatah al Islam foram feridos.
Um informante do grupo islâmico admitiu que os radicais foram forçados "a um recuo" e afirmou que entre os seus ocorreram apenas duas mortes.
Cerca de 20 palestinos do grupo capturados pelos militares libaneses foram indiciados por "terrorismo" e estão sujeitos à pena de morte. Um dirigente palestino no Líbano, Abbas Zaki, exortou o Exército libanês a não penetrar no campo de refugiados, onde há civis.
O governo libanês acusa a Síria de estar por detrás do Fatah al Islam. Mas o governo sírio nega e argumenta que Shaker al Abssi, líder do grupo, está na lista dos criminosos procurados por sua polícia e seus serviços de segurança.


Com agências internacionais


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