São Paulo, terça-feira, 02 de junho de 2009

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"Congelar vida de colonos não é razoável", afirma Netanyahu

Frase de israelense é novo desafio a EUA, que cobram fim de expansão de assentamentos

Israel estuda a remoção de postos avançados e o alívio ao bloqueio a Gaza como contrapartida; EUA avaliam punição simbólica, diz jornal


DA REDAÇÃO

O primeiro-ministro israelense, Binyamin Netanyahu, reafirmou ontem que Israel continuará a expandir os assentamentos judaicos no território ocupado da Cisjordânia -num desafio ao governo aliado dos EUA, que defende o congelamento das colônias.
"Congelar a vida [nos assentamentos] não seria razoável", disse Netanyahu ao Parlamento israelense, defendendo que as colônias existentes devem expandir para acomodar as famílias em crescimento.
A tensão entre EUA e Israel vem crescendo desde a semana passada, quando, na véspera de Barack Obama receber o presidente da Autoridade Nacional Palestina, Mahmoud Abbas, a secretária de Estado, Hillary Clinton, resumiu a posição do novo governo americano: "Não a alguns assentamentos, não a postos avançados, sem exceção ao crescimento natural".
Ontem, Obama disse que "houve momentos em que não fomos honestos como deveríamos com [com Israel] a respeito de que atual trajetória [no Oriente Médio] é profundamente negativa, para interesses americanos e israelenses. E isso é parte do novo diálogo que quero que seja estimulado".
Há quase 500 mil pessoas vivendo nos assentamentos. Num exemplo das tensões relacionadas ao tema, dezenas de assentados judeus na Cisjordânia bloquearam ontem o acesso a Jerusalém e atearam fogo a plantios palestinos em resposta à remoção de postos avançados no local pela polícia israelense.
Em outra discordância com Obama, Netanyahu resiste à criação de um Estado palestino, ideia-base das negociações de paz no Oriente Médio desde os Acordos de Oslo (1993).
Segundo o "New York Times", o governo Obama está estudando medidas -em sua maioria simbólicas- em punição a Israel caso o país mantenha sua política. As medidas incluiriam, segundo funcionários do governo que não quiseram se identificar, a revisão do apoio irrestrito a Israel na ONU e seu tradicional veto a resoluções críticas ao Estado israelense no Conselho de Segurança do órgão. No entanto, agregou um dos funcionários, "Israel é um aliado crucial dos EUA, e ninguém neste governo espera que isso mude".
Em resposta, um funcionário-sênior do lado israelense disse à agência Reuters (também em condição de anonimato) que "o governo de Netanyahu está agindo da mesma forma que seus antecessores. O que mudou foi a política dos EUA. O novo governo está tentando sair de entendimentos feitos [entre os dois países] durante o governo [de George W.] Bush".
No mesmo dia em que Obama decolará rumo à Arábia Saudita e ao Egito, o ministro da Defesa israelense, Ehud Barak, vai hoje a Washington buscar apoio para a posição de Israel, provavelmente oferecendo em troca a remoção de postos avançados na Cisjordânia e o alívio no bloqueio à Gaza.
Autoridades ocidentais e israelenses dizem que Netanyahu avalia um pedido da ONU para aliviar as restrições a Gaza e permitir a entrada de materiais para a reconstrução do território, alvo de ofensiva de 22 dias que deixou 1.400 palestinos e 13 israelenses mortos.

Investigação em Gaza
O conflito será investigado por um comitê do Conselho de Direitos Humanos da ONU, liderado pelo juiz sul-africano Richard Goldstone, que chegou ontem à Cidade de Gaza.
O governo israelense repetiu ontem que, por considerar a investigação da ONU "tendenciosa", não deve colaborar com ela. Segundo Barak, os investigadores não conseguirão "penetrar as operações terroristas do Hamas" -grupo radical palestino que governa Gaza- para interrogar os responsáveis por disparar foguetes contra Israel, o que motivou a ofensiva.


Com agências internacionais


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