|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
ARTIGO
Obama e os limites do poder suave
GIDEON RACHMAN
DO "FINANCIAL TIMES"
Barack Obama é um presidente de poder suave. Mas o
mundo não para de trazer desafios que exigem poder duro.
O problema é exemplificado
pela viagem que ele fará ao
Oriente Médio nesta semana,
com um discurso ao mundo
muçulmano na quinta.
George W. Bush lançou uma
ofensiva militar no Oriente
Médio. Obama está lançando
uma ofensiva diplomática.
Bush teve um sapato jogado
contra ele em sua última aparição no Oriente Médio. Se Obama for ovacionado em pé no
Cairo, isso transmitirá uma
mensagem simbólica poderosa.
Mas, mesmo se seu discurso
for um sucesso, os problemas
de política externa ainda o estarão aguardando quando ele voltar à Casa Branca.
Israel pode estar se preparando para atacar as instalações nucleares do Irã antes do
final do ano. Obama é contra
qualquer iniciativa desse tipo.
Mas os EUA não têm veto total
sobre as ações de Israel. Um
conflito Israel-Irã jogaria por
terra os planos de Obama para
a paz no Oriente Médio.
Enquanto ele não acontece,
os EUA vão seguir adiante com
o esforço para conquistar a paz
entre israelenses e palestinos.
Mas mesmo essa meta tem
poucas chances de ser impulsionada pela viagem de Obama.
Muitos nutrem a expectativa
de que o presidente apresente
uma visão completa para um
acordo de paz e aplique pressão
inequívoca sobre Israel. Por razões de política interna, diplomacia e timing, é altamente improvável que Obama faça isso.
Obama também vem encarando os limites do poder suave
em outras partes do mundo. O
fechamento da prisão de Guantánamo deveria ser a demonstração máxima da superioridade do poder suave em relação
ao poder duro. No entanto,
diante de reações contrárias, o
governo recuou. Não está claro
agora se Guantánamo será fechada dentro do prazo previsto.
As ferramentas da diplomacia, do engajamento e do charme às quais Obama dá preferência tampouco parecem ter
grande utilidade junto ao líder
norte-coreano Kim Jong-il.
O carisma de Obama e sua
habilidade retórica são trunfos
diplomáticos reais. O perigo é
que o presidente tenha suscitado esperanças exageradas
quanto aos resultados que podem ser obtidos com a diplomacia. Nos próximos meses, ficará cada vez mais claro que o
poder suave também tem seus
limites.
Texto Anterior: Nova geração nos assentamentos acirra confronto Próximo Texto: Taleban sequestra alunos de colégio militar paquistanês Índice
|