São Paulo, domingo, 02 de julho de 2006

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Proximidade com EUA reforça desigualdades

DO ENVIADO ESPECIAL À CIDADE DO MÉXICO

Apesar do crescimento estimado em 6% do PIB em 2006 e dos US$ 18 bilhões em investimentos estrangeiros recebidos em 2005 (que fez do país o maior receptor na América Latina), o México não se beneficia como um todo. Enquanto o norte se desenvolve, em alguns Estados do sul a renda per capita equivale à da Guatemala.
"O México continua sendo muito atraente para investimentos estrangeiros pela sua proximidade com os EUA e a alíquota zero para entrar no mercado americano. O problema é que as fábricas preferem os Estados com melhor infra-estrutura e mão-de-obra mais qualificada, o que só reforça a concentração de renda e a desigualdade regional", diz o economista Javier Mancera.
"Não fomos capazes de reter as fábricas que transferiram suas linhas de montagem para a China. Os Estados do sul têm mão-de-obra muito barata, seríamos competitivos."
A indústria automobilística investiu US$ 5 bilhões nos últimos dois anos. Mesmo em um país que investiu tudo no modelo exportador, o mercado interno participou do boom. Quase 2 milhões de carros zero quilômetro foram vendidos no México em 2005.
"Tivemos uma política industrial muito agressiva. Temos acesso com tarifa zero a 42 países. E vantagens de transporte e de uma tradição de manufatura", diz Eduardo Solis, chefe de promoção de investimentos do Ministério da Fazenda.
Na outra ponta da desigual economia mexicana há o drama das maquiladoras, as fábricas de montagem que funcionam no norte do país. De 2000 a 2003, quase 400 mil empregos desapareceram pela transferência de fábricas para a China. De lá para cá o setor se reativou, e 200 mil postos de trabalho foram criados - só que na fabricação de produtos de maior valor agregado e com demanda de trabalhadores mais qualificados. O destino de muitos dos desempregados foi atravessar o rio Grande. (RJL)


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