São Paulo, quarta-feira, 02 de julho de 2008

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Lobby liga assessor de McCain à Colômbia

Charlie Black atuou em favor da Occidental, que explora petróleo colombiano; republicano visita país

DA REDAÇÃO

Charlie Black, um dos principais assessores do candidato republicano à Casa Branca, John McCain, fez lobby para empresas americanas que atuam na Colômbia e para empresas colombianas que têm negócios nos Estados Unidos. McCain chegou ontem à noite a Cartagena, norte da Colômbia, em sua primeira viagem à América Latina como candidato.
De acordo com reportagem de ontem do "New York Times", a firma que Black presidia, a BKSH & Associates, desde 1998 ganhou mais de US$ 1,8 milhão representando a Occidental, principal produtora estrangeira de gás e petróleo em território colombiano. A empresa também já representou fabricantes colombianos de têxteis e vestimentas.
Segundo registros oficiais, Black, que deixou a presidência da BKSH em março, fez lobby no Congresso, no Departamento de Estado e na Casa Branca em nome da Occidental.
"Embora ele não tivesse grande visibilidade, topávamos com sua sombra com freqüência", disse ao "Times" Larry Birns, diretor do Conselho para Assuntos Hemisféricos, grupo de estudos de Washington.
A Colômbia é o maior aliado dos EUA na América do Sul, tendo recebido desde 2001 cerca de US$ 4 bilhões para o combate às drogas e à guerrilha. Mas o acordo de livre-comércio entre os dois países, defendido por McCain, está parado no Congresso americano devido à oposição dos democratas.
Black é o mesmo assessor de McCain que na semana passada provocou alarde ao dizer à revista "Fortune" que outro ataque terrorista aos EUA beneficiaria o republicano.
As atividades da Occidental Petroleum na Colômbia suscitam polêmica entre grupos de direitos humanos, de direitos indígenas e ambientalistas. A empresa é acusada de poluir áreas rurais e de cumplicidade na morte de camponeses vistos como simpatizantes da guerrilha de esquerda. A Occidental sempre negou as acusações.

Farc e dor de cabeça
Ao desembarcar em Cartagena, McCain defendeu o acordo de livre-comércio dos EUA com a Colômbia. "Haveria graves conseqüências se virássemos as costas para o nosso aliado mais próximo", disse.
O republicano anunciou os outros temas das conversas que terá com o presidente colombiano, Álvaro Uribe: "Falaremos sobre drogas e sobre o progresso contra as Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia).
Para analistas colombianos, a visita de McCain pode levar mais dor de cabeça do que benefícios a Uribe, que tem relações tensas com os vizinhos por seus vínculos com Washington e seu discurso afinado com o da "guerra ao terror" de Bush.
"Uribe comete um erro ao receber um hóspede que não foi convidado e que não pode lhe oferecer mais nada, pois a realidade americana é que hoje são os democratas que dão o tom das relações", disse Arline Ticker, da Universidade Nacional.
"McCain representa o selo Bush, que é um selo antipático, pró-guerra", disse María Emma Mejía, que foi chanceler no governo de Ernesto Samper, antecessor de Uribe. O jornal "El Tiempo", que é uribista, advertiu o presidente para a necessidade de "mostrar equilíbrio" entre o visitante e o candidato democrata Barack Obama. Ontem, o chanceler colombiano, Fernando Araújo, disse que "as portas estão abertas" para uma visita de Obama.


Com "The New York Times" e France Presse


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