São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Israel aceita trocar mil presos por refém

Em meio a novo pico de comoção pelo sequestro do militar Gilad Shalit, governo cita número pela primeira vez

Embora soe generosa, oferta dificilmente trará resultados, pois Hamas reivindica libertação de prisioneiros específicos


MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Diante da pressão crescente da opinião pública pela libertação de Gilad Shalit, o premiê de Israel, Binyamin Netanyahu, disse ontem que aceita soltar até mil presos palestinos em troca do militar, há quatro anos em poder do grupo islâmico Hamas.
É a primeira vez que Israel cita o número dos palestinos que incluiria em uma troca.
Mas o que poderia parecer uma oferta generosa tem pouquíssimas chances de produzir resultados, já que não há acordo entre Israel e Hamas sobre os prisioneiros a serem libertados.
Netanyahu foi ontem a público esclarecer sua posição sobre o caso Shalit, no quinto dia da marcha de 200 km liderada pelos pais do soldado que mobiliza o país e aumenta a pressão sobre o governo.
Em discurso transmitido ao vivo pelas TVs, o premiê israelense disse que simpatiza com a angústia da família, mas que não pode comprometer a segurança do país.
"Israel está disposto a pagar um preço alto pela libertação de Gilad Shalit, mas não qualquer preço", disse.
Shalit foi capturado em junho de 2006 por membros do Hamas e de outros grupos radicais em território israelense, quando patrulhava a fronteira com Gaza.
Desde então, o cabo de 24 anos tornou-se moeda de barganha do Hamas para a libertação de alguns dos cerca de 10 mil palestinos que estão em prisões israelenses.
Nesse período, nenhuma organização internacional teve acesso ao soldado, apesar dos repetidos pedidos de Israel e da Cruz Vermelha Internacional. Um vídeo divulgado em outubro passado mostrou que Shalit está vivo.
O movimento pela soltura de Shalit tornou-se um tema extremamente emocional em Israel, onde a maioria das famílias tem ou já teve alguém servindo no Exército.
No discurso de ontem, Netanyahu enumerou os riscos de uma troca de prisioneiros. Lembrou casos, no passado, em que palestinos presos por terrorismo foram soltos e voltaram a matar israelenses.
Apesar disso, o premiê disse que aceitou a oferta do mediador alemão que conduzia a negociação com o Hamas e que implica na libertação de mil prisioneiros palestinos.
Mas enfatizou que não autorizaria a inclusão no acordo do que chamou de "arquiterroristas". Também afirmou que os presos soltos poderiam ir a Gaza ou deixar o país, mas não teriam permissão para voltar à Cisjordânia.
Em resposta, o Hamas afirmou que a questão central não é o número de prisioneiros libertados, mas quais. O porta-voz Ayman Taha explicou que não há acordo sobre o futuro de 450 palestinos acusados de crimes graves.


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