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Israel aceita trocar mil presos por refém
Em meio a novo pico de comoção pelo sequestro do militar Gilad Shalit, governo cita número pela primeira vez
Embora soe generosa, oferta dificilmente trará resultados, pois Hamas reivindica libertação de prisioneiros específicos
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM
Diante da pressão crescente da opinião pública pela libertação de Gilad Shalit, o
premiê de Israel, Binyamin
Netanyahu, disse ontem que
aceita soltar até mil presos
palestinos em troca do militar, há quatro anos em poder
do grupo islâmico Hamas.
É a primeira vez que Israel
cita o número dos palestinos
que incluiria em uma troca.
Mas o que poderia parecer
uma oferta generosa tem
pouquíssimas chances de
produzir resultados, já que
não há acordo entre Israel e
Hamas sobre os prisioneiros
a serem libertados.
Netanyahu foi ontem a público esclarecer sua posição
sobre o caso Shalit, no quinto
dia da marcha de 200 km liderada pelos pais do soldado
que mobiliza o país e aumenta a pressão sobre o governo.
Em discurso transmitido
ao vivo pelas TVs, o premiê
israelense disse que simpatiza com a angústia da família,
mas que não pode comprometer a segurança do país.
"Israel está disposto a pagar um preço alto pela libertação de Gilad Shalit, mas
não qualquer preço", disse.
Shalit foi capturado em junho de 2006 por membros do
Hamas e de outros grupos radicais em território israelense, quando patrulhava a
fronteira com Gaza.
Desde então, o cabo de 24
anos tornou-se moeda de
barganha do Hamas para a libertação de alguns dos cerca
de 10 mil palestinos que estão em prisões israelenses.
Nesse período, nenhuma
organização internacional
teve acesso ao soldado, apesar dos repetidos pedidos de
Israel e da Cruz Vermelha Internacional. Um vídeo divulgado em outubro passado
mostrou que Shalit está vivo.
O movimento pela soltura
de Shalit tornou-se um tema
extremamente emocional em
Israel, onde a maioria das famílias tem ou já teve alguém
servindo no Exército.
No discurso de ontem, Netanyahu enumerou os riscos
de uma troca de prisioneiros.
Lembrou casos, no passado,
em que palestinos presos por
terrorismo foram soltos e voltaram a matar israelenses.
Apesar disso, o premiê disse que aceitou a oferta do mediador alemão que conduzia
a negociação com o Hamas e
que implica na libertação de
mil prisioneiros palestinos.
Mas enfatizou que não autorizaria a inclusão no acordo do que chamou de "arquiterroristas". Também afirmou que os presos soltos poderiam ir a Gaza ou deixar o
país, mas não teriam permissão para voltar à Cisjordânia.
Em resposta, o Hamas afirmou que a questão central
não é o número de prisioneiros libertados, mas quais. O
porta-voz Ayman Taha explicou que não há acordo sobre
o futuro de 450 palestinos
acusados de crimes graves.
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