São Paulo, sexta-feira, 02 de julho de 2010

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Irã deu à Síria radar anti-Israel, diz jornal

Equipamento anularia surpresa de eventual ataque aéreo israelense aos dois países

DE JERUSALÉM

O Irã forneceu à Síria um sofisticado sistema de radar, capaz de anular o elemento surpresa caso Israel decida atacar as instalações nucleares iranianas.
A transferência, segundo o jornal "Wall Street Journal", com base em fontes americanas e israelenses, ocorreu no meio do ano passado e reforça o eixo militar anti-Israel formado por Síria, Irã e o grupo xiita libanês Hizbollah.
Irã e Síria negaram a informação, repetindo a reação às notícias recentes sobre outras transferências de armas.
Há três meses, um jornal do Kuait noticiou que a Síria havia transferido ao Hizbollah mísseis Scud, que têm capacidade para transportar armas químicas e alcance para atingir Jerusalém. A afirmação foi negada pelos governos sírio e libanês.
O equilíbrio estratégico em favor de Israel teria ficado ainda mais comprometido com o envio do radar iraniano à Síria, que, segundo fontes de segurança americanas citadas pelo "WSJ", sinaliza de forma "dramática" a intensificação da aliança militar de Irã, Síria e Hizbollah.
Além de servir como alerta para o Irã, o radar também fortaleceria a defesa da própria Síria, que, mesmo contando com mísseis terra-ar russos, não conseguiu evitar o ataque aéreo israelense de 2007, que destruiu o que seria uma instalação nuclear síria em estágio inicial.
Embora negada em Damasco e Teerã, a notícia reforçou a preocupação de Israel com a crescente coordenação, sobretudo pela convicção de que qualquer transação militar entre Síria e Irã acaba resultando em mais armas no arsenal do Hizbollah.
Nos últimos meses, autoridades israelenses acusaram os dois países de abastecer o Hizbollah com mísseis M-600, de fabricação síria, capazes de atingir alvos em Tel Aviv com extrema precisão, além de armas antiaéreas.
O compartilhamento de dados do radar iraniano ainda acarretaria o aumento da precisão dos mísseis do Hizbollah e da capacidade de sua defesa antiaérea.
Desde a segunda Guerra do Líbano, em 2006, quando Israel e Hizbollah se confrontaram, acredita-se que o grupo xiita tenha ampliado significativamente o seu arsenal e o alcance de seus mísseis.
Rumores de uma nova guerra vêm circulando na imprensa da região desde o começo do ano, alimentados por bravatas e movimentações militares dos dois lados.
Caso tenha de fato ocorrido, a transferência do radar à Síria representa violação da segunda rodada de sanções da ONU contra o Irã, de 2007, que proíbe o país de exportar equipamentos militares.


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