São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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ORIENTE MÉDIO

Grupo defende Arafat

Reunião anti-Arafat no Fatah sofre ataque

DA REDAÇÃO

A crise na Autoridade Nacional Palestina e no Fatah, ambos presididos por Iasser Arafat, voltou a se acentuar ontem e elevou o temor de que o caos na segurança na faixa de Gaza também se alastre para a Cisjordânia.
Cerca de 20 homens mascarados e armados invadiram uma reunião do Fatah em Nablus (Cisjordânia) dando tiros para o ar. Os 70 participantes do encontro eram reformistas que defendem mudanças no grupo político de Arafat, além de reivindicar reformas, como a realização de eleições na organização -a última votação foi há 15 anos.
Os invasores afirmaram ser membros das Brigadas dos Mártires de Al Aqsa, grupo terrorista ligado a algumas alas do Fatah. Eles acusaram os reformistas que participavam da reunião de estarem tramando uma conspiração para derrubar Arafat. No encontro, que deveria durar uma semana, não foi pedido para que o presidente palestino deixe o cargo.
Apesar dos disparos, não houve feridos. Alguns dos delegados do Fatah que estavam no encontro conversaram com os invasores para ouvir os seus protestos.
Em uma carta divulgada mais tarde para os jornalistas, os delegados do Fatah na reunião advertiram Arafat de que autoridades corruptas "estão usando suas posições na ANP para roubar e burlar a lei", causando uma queda na confiança do governo palestino.
"Presidente Arafat, esta talvez seja a sua última chance para reformar a nossa situação antes de que cheguemos ao fim. Nós precisamos urgentemente de uma revolução no nosso movimento, o Fatah", dizia a carta.
Na faixa de Gaza, Mohammed Dahlan, ex-chefe de segurança e uma das mais poderosas figuras na região, voltou a criticar Arafat, ameaçando o líder palestino com grandes manifestações caso não sejam realizadas reformas no governo nos próximos dez dias.
"Arafat agora está sentado nos corpos e nas ruínas dos palestinos no momento em que mais precisamos dele", disse Dahlan, um dos maiores inimigos políticos do líder palestino dentro do Fatah e figura que goza da simpatia não só dos reformistas palestinos como também de Israel e dos EUA.
Exigindo reformas na ANP, Dahlan disse a um jornal do Kuait que o seu objetivo não é destruir a imagem de Arafat, mas corrigi-la "para que ela permaneça bonita".
O incidente em Nablus e as declarações de Dahlan são apenas os mais recentes sintomas do descontentamento dos palestinos com a corrupção no governo, a incerteza com a criação de um futuro Estado e os quatro anos de violência e ocorrem apenas dias depois de Arafat encerrar uma crise no seu gabinete.
Autoridades ligadas a Arafat acusam Dahlan de ser o responsável pelas recentes manifestações de oposição ao poder de Arafat na faixa de Gaza e na Cisjordânia.


Com agências internacionais


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