RAFAEL CARIELLO
DE NOVA YORK

O governo americano anunciou ontem que tem informações de que terroristas estão planejando realizar ataques contra instituições financeiras em Nova York e Washington e elevou para laranja (risco alto) o nível de alerta nas duas cidades.
Não foi divulgado quando os ataques poderiam acontecer, mas o anúncio tem um nível de detalhamento inédito. Segundo o secretário de Segurança Interna dos EUA, Tom Ridge, os terroristas pretendem usar carros-bomba contra "símbolos" financeiros no país. Ele enumerou os seguintes prováveis alvos: os prédios do Banco Mundial e do FMI, em Washington, as sedes da Bolsa de Valores e do Citicorp, em Nova York, e do grupo Prudential, em Newark (Nova Jersey).
O governo afirmou que as novas informações revelam planos meticulosos típicos da rede terrorista Al Qaeda. Segundo Ridge, os planos indicam o uso de explosivos, e não de ataques químicos ou biológicos. Um porta-voz da Casa Branca disse que as informações sobre os possíveis ataques são "muito novas", tendo sido recebidas "nas últimas 72 horas". "O presidente tomou a decisão final hoje [ontem], concordando com as recomendações do secretário Ridge de ir adiante e elevar o nível de alerta nessas áreas específicas."
O nível de alerta para instituições financeiras nos três locais (Washington, Nova York e Nova Jersey) foi elevado de "amarelo" -elevado- para "laranja", o segundo da escala de cinco cores representando o risco de ataque.
Um integrante do governo americano disse à agência de notícias Associated Press que os planos conseguidos pelos serviços de inteligência incluem monitoramento das áreas próximas aos prováveis alvos, descrições das condições de segurança nos locais, detalhes sobre as construções, padrões de trânsito nas imediações e dias da semana em que um ataque seria mais viável.
Segundo Ridge, o governo divulgou os nomes dos prováveis alvos devido ao nível inédito de detalhamento das informações obtidas. "Tratam-se de múltiplas fontes com extraordinários detalhes", afirmou.
O anúncio acontece três dias depois do fim da Convenção do Partido Democrata, em Boston, que confirmou o nome do senador John Kerry como candidato do partido à Presidência. O governo do presidente George W. Bush tem sido acusado por democratas de fazer uso eleitoreiro de supostas ameaças terroristas, usando-as supostamente para desviar a atenção da opinião pública.
O ex-pré-candidato democrata à Presidência Howard Dean disse ontem à rede de TV CNN considerar difícil saber o que há de "político" e o que há de verdadeiro nesse mais recente aviso.
Já John Kerry declarou que o anúncio mostra como o país continua vulnerável e exortou o governo federal a implementar o mais rapidamente possível as determinações da comissão independente que investigou as falhas de inteligência que permitiram os ataques do 11 de Setembro.
Em Nova York, o prefeito republicano Michael Bloomberg anunciou em coletiva que haverá maior presença de policiais "pesadamente armados" nas ruas da cidade, particularmente nos locais indicados como prováveis alvos e em pontes e túneis.
Bloomberg também afirmou que a polícia parará carros e caminhões em várias regiões da cidade para fazer inspeções internas. A população foi alertada de que pode esperar congestionamentos de trânsito ainda maiores.
"Estamos usando um amplo leque de medidas antiterroristas. Não vamos poupar recursos, e não vamos correr risco", declarou Bloomberg. "Vamos vigiar e proteger a cidade com atenção inesgotável." Ridge disse que vigiar "carros e caminhões-bomba está entre as tarefas mais difíceis na guerra contra o terror".


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