São Paulo, domingo, 02 de agosto de 2009

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Irã julga acusados de incitar protestos contra o governo

Segundo fonte oficial, clérigo reformista se disse culpado e negou fraude em pleito

Peça de acusação afirma que líderes das manifestações contra resultado de eleição receberam dinheiro de organizações estrangeiras

Fars/France Presse
O ex-vice-presidente Abtahi (ao centro), durante o julgamento

DA REDAÇÃO

Começou ontem, em Teerã, o julgamento de cerca de cem pessoas que teriam "planejado, organizado e liderado" manifestações contra o resultado das eleições presidenciais iranianas, iniciados após a declaração da vitória do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, no dia 12 de junho.
É a primeira vez desde a Revolução Islâmica, de 1979, que altos funcionários e ex-integrantes do governo e do Legislativo são julgados coletivamente no país, acusados de tentar derrubar o regime. Também pesam contra eles as acusações de provocar distúrbio social, ataque a forças de segurança e prédios públicos.
Entre os manifestantes que começaram a ser julgados ontem na Corte Revolucionária de Teerã estava o clérigo Mohammad Abtahi, que foi vice do presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005). Ele foi o primeiro clérigo e político a ter um blog no Irã, até a sua prisão o mais lido entre os diários políticos do país na rede.
Além dele, outros integrantes dos principais partidos reformistas também se encontravam entre os réus.
O processo teve início com a leitura, pelo promotor, do texto de acusação. Segundo ele, os três maiores partidos de oposição do Irã receberam dinheiro de organizações estrangeiras para levar adiante um complô contra o país.
A acusação afirma que Israel e países ocidentais teriam planejado e tentado executar com a ajuda de oposicionistas locais uma "revolução de veludo" no país para derrubar o regime islâmico vigente desde 1979.
Segundo agências de notícias ligadas ao governo, o ex-vice-presidente Abtahi se declarou culpado de traição e disse que as acusações de fraude contra a eleição de Ahmadinejad, estopim dos protestos do último mês e meio, eram "uma mentira criada para provocar distúrbios" no país.
O reformista Abtahi foi preso logo nos primeiros dias de protesto e, segundo aliados seus que citaram sua mulher, teria perdido quase 20 kg de peso nos últimos 40 dias. Segundo suas declarações de ontem, reproduzidas pela agência de notícias iraniana Fars, a intenção da tal "mentira" sobre fraudes eleitorais era "provocar distúrbios para que o Irã se converta em um país como o Afeganistão e o Iraque".
Não havia informações ontem sobre quando o julgamento chegaria ao fim. A pena máxima para o crime de ameaça à segurança nacional é a condenação à morte.


Com agências internacionais


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