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Irã julga acusados de incitar protestos contra o governo
Segundo fonte oficial, clérigo reformista se disse culpado e negou fraude em pleito
Peça de acusação afirma que líderes das manifestações contra resultado de eleição receberam dinheiro de organizações estrangeiras
Fars/France Presse
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O ex-vice-presidente Abtahi (ao centro), durante o julgamento
DA REDAÇÃO
Começou ontem, em Teerã, o
julgamento de cerca de cem
pessoas que teriam "planejado,
organizado e liderado" manifestações contra o resultado
das eleições presidenciais iranianas, iniciados após a declaração da vitória do atual presidente, Mahmoud Ahmadinejad, no dia 12 de junho.
É a primeira vez desde a Revolução Islâmica, de 1979, que
altos funcionários e ex-integrantes do governo e do Legislativo são julgados coletivamente no país, acusados de tentar derrubar o regime. Também
pesam contra eles as acusações
de provocar distúrbio social,
ataque a forças de segurança e
prédios públicos.
Entre os manifestantes que
começaram a ser julgados ontem na Corte Revolucionária
de Teerã estava o clérigo Mohammad Abtahi, que foi vice do
presidente reformista Mohammad Khatami (1997-2005). Ele
foi o primeiro clérigo e político
a ter um blog no Irã, até a sua
prisão o mais lido entre os diários políticos do país na rede.
Além dele, outros integrantes dos principais partidos reformistas também se encontravam entre os réus.
O processo teve início com a
leitura, pelo promotor, do texto
de acusação. Segundo ele, os
três maiores partidos de oposição do Irã receberam dinheiro
de organizações estrangeiras
para levar adiante um complô
contra o país.
A acusação afirma que Israel
e países ocidentais teriam planejado e tentado executar com
a ajuda de oposicionistas locais
uma "revolução de veludo" no
país para derrubar o regime islâmico vigente desde 1979.
Segundo agências de notícias
ligadas ao governo, o ex-vice-presidente Abtahi se declarou
culpado de traição e disse que
as acusações de fraude contra a
eleição de Ahmadinejad, estopim dos protestos do último
mês e meio, eram "uma mentira criada para provocar distúrbios" no país.
O reformista Abtahi foi preso
logo nos primeiros dias de protesto e, segundo aliados seus
que citaram sua mulher, teria
perdido quase 20 kg de peso
nos últimos 40 dias. Segundo
suas declarações de ontem, reproduzidas pela agência de notícias iraniana Fars, a intenção
da tal "mentira" sobre fraudes
eleitorais era "provocar distúrbios para que o Irã se converta
em um país como o Afeganistão
e o Iraque".
Não havia informações ontem sobre quando o julgamento chegaria ao fim. A pena máxima para o crime de ameaça à
segurança nacional é a condenação à morte.
Com agências internacionais
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