São Paulo, terça-feira, 02 de agosto de 2011

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Após matança, Brasil admite resolução contra Síria na ONU

Texto teria de ser consensual, no entanto; ataques de ditadura deixaram ao menos 140 mortos anteontem

Itamaraty divulga nota em que endurece sua posição com relação ao país árabe, dizendo ter ficado "indignado"

ISABEL FLECK
DE SÃO PAULO
MARCELO NINIO
DE JERUSALÉM

Após o massacre de pelo menos 140 pessoas pela ditadura síria anteontem, o governo brasileiro agora admite apoiar uma resolução do Conselho de Segurança contra o país -desde que seja consensual entre os membros permanentes (EUA, França, Rússia, Reino Unido e China).
"Os acontecimentos do fim de semana acrescentaram um novo dado à situação", afirmou o porta-voz do Itamaraty, Tovar Nunes. Segundo ele, o Brasil acompanhará qualquer manifestação "que tenha consenso e o intuito de promover diálogo", mesmo que seja uma resolução. "Em nenhum momento pretendemos pôr obstáculo a uma coisa que seja consensual", disse, assegurando, no entanto, que o Brasil está atento aos possíveis textos."Não vemos uma ação militar como útil."
O governo brasileiro ainda considera que uma declaração do presidente do conselho ou uma nota à imprensa (ambas alternativas mais brandas que uma resolução) seriam opções melhores.
Também aposta no diálogo e aguarda apenas o sinal verde de seus parceiros no grupo Ibas (África do Sul e Índia) para o envio de uma missão de verificação à Síria.
Ontem, o Ministério das Relações Exteriores brasileiro endureceu o discurso ao dizer que recebeu "com indignação" a notícia das mortes.
O Itamaraty ainda insta Damasco a avançar "com urgência" o diálogo nacional e a reforma política. Na noite de ontem, o Conselho de Segurança se reuniu em Nova York para debater uma possível manifestação.
Antes do fim da reunião, a representante americana na ONU, Susan Rice, adiantou que o grupo não chegaria a nenhum consenso.

NOVAS SANÇÕES
A União Europeia decidiu ampliar as sanções contra o regime da Síria, numa reação à violência do Exército no domingo. As mais de 140 mortes foram apontadas por ativistas de direitos humanos; a censura imposta pela Síria à imprensa impede verificação independente dos dados.
A nova rodada de sanções se aplica a cinco membros do regime sírio, cujos nomes não foram revelados, que terão ativos bloqueados e vistos de viagem negados.
Eles se somam a outras 13 autoridades sírias que haviam sido alvo de punições da UE em maio, entre eles Maher Assad, irmão do ditador Bashar Assad. Também foi aplicado um embargo à venda de armas à Síria.
Há dois meses, os EUA também anunciaram sanções semelhantes contra membros do regime, entre eles o próprio Bashar Assad. De acordo com ativistas sírios, tanques voltaram a entrar em Hama ontem.

Colaborou FLÁVIA FOREQUE, de Brasília


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