São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2008

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EUA cometem "erro histórico" ao apoiar Geórgia em conflito, diz chanceler russo

DO ENVIADO A BRUXELAS

Enquanto os líderes europeus praticavam ontem o contorcionismo político para condenar a Rússia sem estremecer suas relações com o país, em Moscou o tom das advertências era bem menos diplomático. A Chancelaria russa voltou a insinuar que os Estados Unidos tenham usado navios com ajuda humanitária para fornecer armas à Geórgia e alertou Washington de que apoiar o governo de Tbilisi representa um erro "histórico".
O chanceler russo, Serguei Lavrov, propôs a imposição de um embargo de armas à Geórgia e mandou um recado para os americanos. "Se em vez de escolherem seus interesses nacionais e os do povo georgiano, os Estados Unidos e seus aliados optarem pelo regime [do presidente Mikhail] Saakashvili, isso será um erro de proporções verdadeiramente históricas", disse Lavrov.
O ministro russo defendeu um bloqueio ao fornecimento de armas ao país do Cáucaso "até que diferentes autoridades transformem a Geórgia em um Estado normal". Horas depois, o porta-voz do ministério completou o recado.
Andrei Nesterenko disse haver "suposições" de que os carregamentos de ajuda humanitária à Geórgia levados por navios ocidentais após a guerra incluíram "componentes militares que serão usados para o rearmamento" do país.
Lavrov criticou os EUA pelo suporte dado ao governo de Saakashvili, incluindo treinamento militar, afirmando que faltou influência para conter as ações militares georgianas. "Pelo contrário, [esse apoio] encorajou o regime irresponsável e suas apostas", disse o chanceler russo. A crise no Cáucaso foi desencadeada pela tentativa georgiana de recuperar o controle sobre a Ossétia do Sul, em seguida reprimida pela Rússia.
Numa demonstração da distância entre Moscou e o Ocidente na busca por uma solução para o impasse, Nesterenko deixou claro que não há prazo para a retirada das tropas russas posicionadas em torno da Ossétia do Sul e da Abkházia. O porta-voz disse que o Kremlin aceitaria a presença na região de uma polícia internacional liderada pela União Européia, contanto que ela inclua a participação de tropas russas. (MN)


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