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Santos pede que Brasil classifique Farc como terroristas
Presidente da Colômbia encontra Lula e Dilma na sua primeira viagem após a posse e descarta negociar com guerrilha na Unasul
ELIANE CANTANHÊDE
COLUNISTA DA FOLHA
Na primeira viagem internacional após a posse, o presidente da Colômbia, Juan
Manuel Santos, pediu ontem
que o Brasil classifique as
Farc como "grupo terrorista"
e disse que dispensa o apoio
do governo Lula para intermediar a reaproximação diplomática com a Venezuela.
"Eu estou lidando diretamente com o presidente Chávez", disse Santos à Folha,
pouco antes de receber a candidata do PT à Presidência,
Dilma Rousseff.
Abaixo, os principais trechos da entrevista.
Folha - A expectativa era que
sua primeira viagem fosse
aos EUA, maior parceiro da
Colômbia. Por que o Brasil?
Juan Manuel Santos - O
presidente Lula foi o primeiro a me convidar. Aceitei
diante da importância geopolítica do Brasil e do nosso
interesse em fortalecer a integração regional. Esta década
é da América Latina.
Uribe tinha resistências à
Unasul. Isso vai mudar?
A Colômbia fica ao norte
da América do Sul e não é incompatível fortalecer nosso
entendimento com a Unasul
e, ao mesmo tempo, fortalecer as relações com o Norte e
com a OEA.
Como o Brasil pode colaborar
na reaproximação da Colômbia com a Venezuela?
Lula tem tido muita boa
vontade, mas a relação com a
Venezuela, estou lidando diretamente com o presidente
Chávez. Quanto mais boa
vontade melhor, mas vamos
por um bom caminho e espero que pouco a pouco possa
haver confiança mútua.
Como o Brasil pode colaborar
na solução para as Farc?
Esse também é um problema interno da Colômbia. O
Brasil pode colaborar colocando as Farc no seu devido
lugar, ou seja, como grupo
terrorista. A única forma de
podermos abrir algum diálogo com eles é se abdicarem
de ações terroristas, de maneira que, se não apenas o
Brasil, mas o mundo inteiro
entender isso, eles ficarão cada vez mais isolados.
Um dos seus objetivos na viagem é pedir a Lula que as Farc
não tenham acolhida para expor suas posições na Unasul?
Sim. Não creio que a Unasul seja um fórum adequado
para ouvir grupos terroristas.
Como estão as relações entre
o sr. e Chávez?
Cordiais. Ele e eu pensamos de forma muito diferente sobre muitas coisas, mas,
se respeitamos nossas diferenças, e já falamos sobre isso, podemos ter relações cordiais. A Venezuela é um sócio
comercial muito importante.
Como jornalista e homem da
imprensa, como o sr. vê a investida da Venezuela e da Argentina contra a mídia?
Sou grande defensor da liberdade de imprensa em
qualquer lugar do mundo e
sempre estarei a favor da liberdade de todas as pessoas
e sobretudo dos jornalistas.
O sr. concorda que há essa investida dos dois países?
Se há, eu a condeno.
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