UOL


São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2003

Próximo Texto | Índice

IRAQUE OCUPADO

EUA divulgam proposta que visa obter colaboração financeira e militar para a reconstrução iraquiana

Nova resolução não amplia poder da ONU

DA REDAÇÃO

Após semanas de negociações, os EUA divulgaram ontem, dia em que assumiram a presidência do Conselho de Segurança da ONU, sua nova proposta de resolução sobre o Iraque.
Mas o documento, que o Departamento de Estado afirma incorporar sugestões ouvidas em consultas a outros países, deixa em aberto os dois principais pontos de discussão: a definição de um cronograma para o fim da ocupação americana e a ampliação do papel da ONU em questões civis.
No que toca o organismo internacional, a resolução propõe que a força militar americana no Iraque seja transformada em uma força multinacional com a chancela da ONU, mas ainda sob o comando dos EUA. Países aos quais Washington pediu colaboração militar e financeira para a reconstrução iraquiana condicionaram sua contribuição ao fortalecimento do papel da ONU no processo -em boa parte dos casos, no entanto, o papel referido dizia respeito à administração civil do país, hoje encabeçada pelos EUA.
A proposta diz ainda que caberá a essas forças assegurar as condições necessárias para a adoção de uma Constituição e para a promoção de eleições, além da proteção das instalações do Conselho de Governo Iraquiano e da ONU. Desde agosto, o organismo, alvo de dois atentados que somaram 24 mortos, cortou de 650 para 30 seus funcionários no país.
Sobre o fim da ocupação americana, o texto enfatiza seu caráter "temporário", mas se abstém de traçar cronogramas, afirmando apenas que "o dia em que os iraquianos governarão a si mesmos precisa chegar logo".
Segundo diplomatas, os EUA ainda estão trabalhando em um anexo ao documento.
A proposta foi comunicada ontem pelo secretário de Estado americano, Colin Powell, aos quatro demais membros permanentes do Conselho de Segurança -China, França, Reino Unido e Rússia-, que têm direito a veto. Os dez membros não-permanentes receberão o documento hoje.
"Escutamos atenciosamente o que nos foi dito nas últimas semanas e incorporamos várias idéias e sugestões", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Richard Boucher.
Com a aprovação do texto, os EUA esperam obter ajuda para reduzir seu contingente no país -hoje em 130 mil soldados- e dinheiro para a reconstrução.
Nos próximos dias 23 e 24, será realizada em Madri uma conferência com potenciais doadores para o Iraque. O objetivo é obter US$ 35 bilhões, mas especialistas acreditam que a soma não venha a chegar a US$ 20 bilhões.

Soldados mortos
Um dos catalisadores da nova proposta de resolução americana é o crescente número de baixas sofridas pelas forças do país no Iraque. Ontem, dois soldados foram mortos, elevando para 174 as baixas dos EUA no pós-guerra.
Uma recruta morreu em um ataque a bomba contra uma caravana americana em Tikrit (noroeste). Em Bagdá, um soldado morreu ao ser atacado a tiros quando fazia uma patrulha.


Com agências internacionais

Próximo Texto: Bairro de Bagdá torna-se reduto antiamericano
Índice

UOL
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.