São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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SUCESSÃO NOS EUA / DUELO DOS VICES

Sob pressão pré-debate, McCain defende Sarah Palin

Candidatos a vice se enfrentam hoje pela única vez; democratas temem gafe de Biden

Para analistas, confronto pode assumir importância incomum nesta eleição; preparo de republicana para Presidência é questionado

ANDREA MURTA
DE NOVA YORK

Na véspera do debate entre os candidatos à Vice-Presidência dos EUA, nesta noite em St. Louis, o republicano John McCain saiu em defesa de sua colega de chapa, Sarah Palin, criticada pela mídia e por ambos os lados do espectro político -inclusive em seu partido- pela falta de conhecimento em política externa e economia.
Indagado em encontro com editorialistas do "Des Moines Register", de Iowa, sobre por que escolheu para vice "alguém que não tem muita experiência", ele afirmou secamente, e, na descrição da agência Associated Press, com certa irritação: "Discordo. E estou muito feliz de ver que o povo americano parece estar do meu lado".
Quando foi sugerido que o histórico de Palin, que antes de governar o Alasca foi prefeita de uma cidade de 7.000 habitantes, preocupa eleitores, McCain foi sarcástico. "Verdade? Não detectei isso nas pesquisas, não detectei isso entre a base [republicana]", disse. "Se há uma pessoa em uma festinha em Georgetown que, aspas, se diz um conservador e não gosta dela, azar. Não o desconsidero. [Mas] o povo mostrou fortemente sua aprovação."
A tensão de McCain chega em momento de queda na preferência do eleitorado. Desde o último dia 17, quando ele e o democrata Barack Obama estavam empatados nas pesquisas, o republicano caiu e está 5,3 pontos atrás, segundo a média do Real Clear Politics.
A aprovação a Palin também caiu. Segundo pesquisa da Associated Press com o Gfk divulgada ontem, a porcentagem de entrevistados -inclusive republicanos- que a consideram preparada para ser presidente caiu de 41% após a convenção republicana para 25% agora.
Ainda assim, McCain afirmou ontem estar "orgulhoso" de Palin. E disse que costuma consultá-la em decisões de política externa, área considerada ponto fraco da governadora.

Nova importância
Para Palin, a popularidade em queda e uma série de deslizes em entrevistas elevaram os riscos no debate de hoje, em que enfrenta o democrata Joe Biden na Universidade Washington. Se for mal, ela poderá prejudicar seu partido.
Historicamente, candidatos a vices e seus debates tiveram importância limitada nos EUA. Mas analistas consultados pela Folha afirmam que 2008 poderá abrir um precedente.
Para Timothy McCarthy, historiador da Universidade Harvard, "embora já tenha havido polêmica sobre a escolha de um vice, nunca houve tanta pressão sobre seu desempenho". "Biden e sobretudo Palin são cruciais neste ano, pois cobrem brechas fundamentais dos cabeças-de-chapa. Os candidatos geram muita ansiedade no eleitor -Obama por ser negro e McCain por ter 72 anos e ser afastado da direita cristã."
O analista da Universidade Columbia Mike Hoyt concorda e diz que o interesse pelos vices -particularmente Palin- é legítimo. "Seu desempenho recente levanta sérias dúvidas sobre o bom senso de McCain em escolhê-la. E, por causa da idade dele, há uma preocupação genuína sobre se Palin está pronta para a Presidência."


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