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SUCESSÃO NOS EUA / DUELO DOS VICES
Sob pressão pré-debate, McCain defende Sarah Palin
Candidatos a vice se enfrentam hoje pela única vez; democratas temem gafe de Biden
Para analistas, confronto pode assumir importância incomum nesta eleição; preparo de republicana para Presidência é questionado
ANDREA MURTA
DE NOVA YORK
Na véspera do debate entre
os candidatos à Vice-Presidência dos EUA, nesta noite em St.
Louis, o republicano John
McCain saiu em defesa de sua
colega de chapa, Sarah Palin,
criticada pela mídia e por ambos os lados do espectro político -inclusive em seu partido-
pela falta de conhecimento em
política externa e economia.
Indagado em encontro com
editorialistas do "Des Moines
Register", de Iowa, sobre por
que escolheu para vice "alguém
que não tem muita experiência", ele afirmou secamente, e,
na descrição da agência Associated Press, com certa irritação: "Discordo. E estou muito
feliz de ver que o povo americano parece estar do meu lado".
Quando foi sugerido que o
histórico de Palin, que antes de
governar o Alasca foi prefeita
de uma cidade de 7.000 habitantes, preocupa eleitores,
McCain foi sarcástico. "Verdade? Não detectei isso nas pesquisas, não detectei isso entre a
base [republicana]", disse. "Se
há uma pessoa em uma festinha em Georgetown que, aspas,
se diz um conservador e não
gosta dela, azar. Não o desconsidero. [Mas] o povo mostrou
fortemente sua aprovação."
A tensão de McCain chega
em momento de queda na preferência do eleitorado. Desde o
último dia 17, quando ele e o democrata Barack Obama estavam empatados nas pesquisas,
o republicano caiu e está 5,3
pontos atrás, segundo a média
do Real Clear Politics.
A aprovação a Palin também
caiu. Segundo pesquisa da Associated Press com o Gfk divulgada ontem, a porcentagem de
entrevistados -inclusive republicanos- que a consideram
preparada para ser presidente
caiu de 41% após a convenção
republicana para 25% agora.
Ainda assim, McCain afirmou ontem estar "orgulhoso"
de Palin. E disse que costuma
consultá-la em decisões de política externa, área considerada
ponto fraco da governadora.
Nova importância
Para Palin, a popularidade
em queda e uma série de deslizes em entrevistas elevaram os
riscos no debate de hoje, em
que enfrenta o democrata Joe
Biden na Universidade Washington. Se for mal, ela poderá
prejudicar seu partido.
Historicamente, candidatos
a vices e seus debates tiveram
importância limitada nos EUA.
Mas analistas consultados pela
Folha afirmam que 2008 poderá abrir um precedente.
Para Timothy McCarthy,
historiador da Universidade
Harvard, "embora já tenha havido polêmica sobre a escolha
de um vice, nunca houve tanta
pressão sobre seu desempenho". "Biden e sobretudo Palin
são cruciais neste ano, pois cobrem brechas fundamentais
dos cabeças-de-chapa. Os candidatos geram muita ansiedade
no eleitor -Obama por ser negro e McCain por ter 72 anos e
ser afastado da direita cristã."
O analista da Universidade
Columbia Mike Hoyt concorda
e diz que o interesse pelos vices
-particularmente Palin- é legítimo. "Seu desempenho recente levanta sérias dúvidas sobre o bom senso de McCain em
escolhê-la. E, por causa da idade dele, há uma preocupação
genuína sobre se Palin está
pronta para a Presidência."
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