São Paulo, quinta-feira, 02 de outubro de 2008

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Ela tem de mostrar preparo; ele tem de segurar a língua

DE NOVA YORK

As dificuldades recentes de Sarah Palin em entrevistas podem ter causado uma avalanche de críticas na imprensa, mas tiveram um efeito positivo: baixar as expectativas para seu desempenho no debate de hoje com o democrata Joe Biden.
Ela tentará se mostrar como fator de mudança, que traria sangue novo a Washington. A imagem contrasta, porém, com seu conservadorismo social: é contra o aborto mesmo em caso de estupro e defende o ensino do criacionismo em escolas.
Para se dar bem, ela terá que compensar a tendência a respostas incoerentes e vagas, além de mostrar aptidão em economia e política externa. Mas sua falta de conhecimento pode ter um lado positivo: identificação com o eleitor.
Analisando seu desempenho em debates para o governo do Alasca, o "New York Times" diz que Palin pode ganhar pontos ao se mostrar otimista e confiante sem ser agressiva. Ela também dá respostas embasadas e mantém raciocínio linear quando o tema é energia.
O fato de ser mulher a favorece. "Será difícil para Biden atacá-la, pois um homem mostrar agressividade contra uma mulher é muito mal visto", diz o analista político Clyde Wilcox, da Universidade Georgetown.
Mas ele lembra que os EUA "têm uma dinâmica de gênero complexa". Se Palin, como costumam fazer os vices, criticar o líder da chapa rival, sua agressividade pode ser um revés.
Biden, que vem tomando aulas com Hillary Clinton e outras democratas sobre como debater com uma mulher sem parecer machista, terá de fazer esforço para se conter hoje. "Ele é conhecido por ser direto, falar sem pensar e ser agressivo", diz Thimothy McCarthy, historiador da Universidade Harvard. "Biden vai para cima do adversário sem dó."
A seu favor, Biden tem o conhecimento profundo em uma variedade de temas, sobretudo relações exteriores, fruto de 36 anos no Senado. Ele terá de mostrar superioridade intelectual sem parecer paternalista.
O debate acontece das 22h às 23h30 (em Brasília) sob mediação de Gwen Ifill, da rede pública PBS, e formato mais tradicional, a pedido dos republicanos: respostas de 90 segundos com dois minutos de discussão. Não há restrição de tema. (AM)


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