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Ela tem de mostrar preparo; ele tem de segurar a língua
DE NOVA YORK
As dificuldades recentes de
Sarah Palin em entrevistas podem ter causado uma avalanche de críticas na imprensa,
mas tiveram um efeito positivo:
baixar as expectativas para seu
desempenho no debate de hoje
com o democrata Joe Biden.
Ela tentará se mostrar como
fator de mudança, que traria
sangue novo a Washington. A
imagem contrasta, porém, com
seu conservadorismo social: é
contra o aborto mesmo em caso de estupro e defende o ensino do criacionismo em escolas.
Para se dar bem, ela terá que
compensar a tendência a respostas incoerentes e vagas,
além de mostrar aptidão em
economia e política externa.
Mas sua falta de conhecimento
pode ter um lado positivo: identificação com o eleitor.
Analisando seu desempenho
em debates para o governo do
Alasca, o "New York Times" diz
que Palin pode ganhar pontos
ao se mostrar otimista e confiante sem ser agressiva. Ela
também dá respostas embasadas e mantém raciocínio linear
quando o tema é energia.
O fato de ser mulher a favorece. "Será difícil para Biden atacá-la, pois um homem mostrar
agressividade contra uma mulher é muito mal visto", diz o
analista político Clyde Wilcox,
da Universidade Georgetown.
Mas ele lembra que os EUA
"têm uma dinâmica de gênero
complexa". Se Palin, como costumam fazer os vices, criticar o
líder da chapa rival, sua agressividade pode ser um revés.
Biden, que vem tomando aulas com Hillary Clinton e outras democratas sobre como
debater com uma mulher sem
parecer machista, terá de fazer
esforço para se conter hoje.
"Ele é conhecido por ser direto,
falar sem pensar e ser agressivo", diz Thimothy McCarthy,
historiador da Universidade
Harvard. "Biden vai para cima
do adversário sem dó."
A seu favor, Biden tem o conhecimento profundo em uma
variedade de temas, sobretudo
relações exteriores, fruto de 36
anos no Senado. Ele terá de
mostrar superioridade intelectual sem parecer paternalista.
O debate acontece das 22h às
23h30 (em Brasília) sob mediação de Gwen Ifill, da rede pública PBS, e formato mais tradicional, a pedido dos republicanos: respostas de 90 segundos
com dois minutos de discussão.
Não há restrição de tema.
(AM)
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