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Colômbia investiga mortes de 19 jovens por militares
Corpos achados no norte do país foram considerados de "mortos em combate"
Governo apurará suspeitas de que vítimas não fossem narcotraficantes e tenham sido mortas por soldados em troca de bonificação
Guillermo Legaria - 25.set.08/Efe
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Ciudad Bolívar, favela de Bogotá que atrai deslocados por conflito
DA REDAÇÃO
O governo colombiano decidiu abrir uma investigação para
apurar as mortes, pelo Exército, dos pelo menos 19 jovens
achados na semana passada em
um cemitério no norte do país.
Suspeita-se que eles tenham sido assassinados por militares
em troca de bonificações pelo
suposto "sucesso" no combate
a grupos narcotraficantes.
No último dia 24, foi noticiado que os corpos de 11 jovens
considerados desaparecidos,
provenientes de regiões pobres
do entorno de Bogotá, haviam
sido encontrados em Ocaña, no
departamento de Norte Santander, a mais de 500 quilômetros ao norte da capital. Depois,
o número aumentou para 19.
A versão do Exército foi de
que eles haviam sido mortos
em combate, após serem aliciados ou seqüestrados por grupos
narcotraficantes que atuam
nas regiões próximas à fronteira com a Venezuela. Mas surgiram suspeitas pelo fato de os jovens terem morrido apenas um
ou dois dias após as notificações de desaparecimento.
O ministro da Defesa, Juan
Manuel Santos, disse que "há
uma situação estranha, que requer explicações. [Pessoas] têm
me dito que existem oficiais das
nossas forças de segurança que
admitem corpos como prova de
resultados. Custo a crer nisso".
Na segunda-feira, após reunião
de emergência, o governo ordenou que a investigação vá "até
as últimas conseqüências".
A revista colombiana "Semana", em sua última edição, publicou uma matéria de capa na
qual reconstitui o histórico dos
"falsos positivos mortais", como são conhecidos, há anos denunciados por entidades de direitos humanos, mas só agora
admitidos como possibilidade
pelo governo de Álvaro Uribe.
Segundo a revista, o caso dos
19 jovens, todos entre 17 e 32
anos de idade, é o último de
uma série que já motivou 750
investigações, 180 acusações a
militares e 50 condenações em
toda a Colômbia. A prática é
também conhecida como "legalização" das mortes, apresentadas então como êxitos por militares em troca de benefícios.
As mortes revelam ainda, diz
a "Semana", o problema do recrutamento de colombianos
pobres para trabalhar longe de
casa, em atividades legais ou
ilegais, mas que acabam sendo
desviados para a luta armada
ou então são mortos. "É uma
desaparição com fins de homicídio, e não um recrutamento",
disse a secretária de Governo
de Bogotá, Clara López.
O diretor para as Américas da
ONG Human Rights Watch,
José Miguel Vivanco, disse que
"a mentalidade da contagem de
corpos infelizmente tem sido
praticada por várias unidades
militares colombianas há algum tempo, mesmo que o presidente Uribe tenha repetidamente negado que essas atrocidades ocorram".
Com agências internacionais
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