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Justiça russa declara que último czar sofreu perseguição política
Execução de Nicolau 2º, em 1918, deixa de ser considerada um crime comum
DA REDAÇÃO
A mais alta instância do Tribunal Supremo da Rússia reabilitou ontem Nicolau 2º, último czar do país, executado há
80 anos pelos bolcheviques.
O "presidium", órgão que
tem palavra final sobre apelações judiciais, declarou ontem
que o czar e sua família foram
vítimas de "injustificada repressão", de cunho político.
Até novembro de 2007, os recursos dos descendentes da família Romanov eram negados
graças a tecnicismos jurídicos.
Prevalecia o entendimento
de que a família do czar nunca
havia sido formalmente acusada pelos revolucionários, de
forma que sua execução não
configurava uma pena imposta
pelos bolcheviques, mas um
crime comum.
Também havia controvérsia
acerca da competência da Justiça russa para julgar o caso. A
legislação local sobre reabilitação, promulgada em 1991, contempla só processos políticos
ocorridos após a instauração
formal do poder soviético.
O czar e sua família foram detidos em outubro de 1917, durante a guerra civil entre bolcheviques e czaristas -portanto antes da instituição formal
da União Soviética.
O argumento da Promotoria
era que o czar não fora morto
por violar leis soviéticas, mas
como "chefe de Estado russo".
Apesar de a decisão de ontem
assegurar aos descendentes de
Nicolau 2º que tiveram perdas
de imóveis no período soviético
o direito de pedir até 300, a
herdeira da casa imperial russa, Maria Romanova, nascida
na Espanha, diz não desejar a
contrapartida, tampouco a restituição dos bens do czar.
"Sempre busquei a condenação do crime cometido pelo Estado totalitário, para que o terror nunca se repita. Sou contra
a restituição", declarou ela.
Em 1998, o então presidente
russo, Boris Ieltsin, qualificou
a morte do czar como "um crime monstruoso", no enterro
solene de Nicolau 2º, cujos ossos foram encontrados em
1979 numa vala comum.
A Igreja Ortodoxa da Rússia,
que ontem elogiou a decisão da
Justiça, canonizou o último
czar no ano 2000.
Com agências internacionais
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