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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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SEIS MESES DE OCUPAÇÃO

Devido ao temor de uma onda de ataques, alunos faltaram às aulas e movimento em Bagdá foi fraco

Em dia tenso no Iraque, 2 soldados morrem

DA REDAÇÃO

Dois soldados americanos morreram ontem em Mossul, no norte do Iraque, e um incêndio atingiu um oleoduto a cerca de 15 km de Tikrit -a cidade natal de Saddam Hussein. Em Taji, também no norte, um iraquiano morreu quando uma bomba que ele instalava numa estrada explodiu.
Foram os principais incidentes ocorridos no dia em que se completaram seis meses desde que o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou o fim dos principais combates no Iraque.
Anteontem, os consulados dos EUA e da Austrália em Bagdá emitiram alertas de que neste final de semana poderia ocorrer uma onda de ataques de grupos leais a Saddam. Panfletos atribuídos a seguidores do ex-ditador prometiam um "dia de resistência" e convocavam uma greve geral.
Houve alguns sinais de que a população preferiu permanecer em casa. A maioria das lojas abriu, porém o tráfico nas ruas estava abaixo do normal para uma manhã de sábado -primeiro dia útil da semana no Iraque.
Muitos pais impediram que seus filhos fossem à aula. Em uma escola de ensino médio para meninos em Bagdá, apenas 80 dos 500 alunos compareceram.
Apesar de as lojas terem aberto, o número de clientes era bem inferior ao normal, segundo os próprios comerciantes. A única exceção foi o ramo alimentício. "As pessoas não têm como parar de fazer compras", disse Amir Jawad, dono de uma padaria.
Postos de controle da polícia paralisaram o trânsito em uma série de pontos da capital iraquiana.
Em Basra (sul do país) e Mossul, a ameaça de ataques teve pouca repercussão visível. As lojas tiveram movimento normal e o tráfego não se diferenciava de outros dias da semana.

Ataques
Os dois soldados americanos foram mortos quando uma bomba posta em uma estrada em Mossul explodiu, atingindo o veículo em que eles estavam, um carro civil.
As baixas elevam para 119 o número de soldados americanos mortos em ataques no Iraque durante os seis meses de pós-guerra -três a mais do que na guerra.
Os ataques contra as forças da coalizão cresceram na semana passada. No domingo, mísseis foram lançados contra o hotel Rashid, em Bagdá,no momento em que ali se hospedava Paul Wolfowitz, subsecretário da Defesa dos EUA. No dia seguinte, quatro atentados suicidas mataram 35 pessoas em Bagdá.
Nos arredores de Tikrit, não se sabia quem havia provocado o incêndio do oleoduto. Porém a sabotagem da infra-estrutura iraquiana tem sido comum desde o início da ocupação. O restabelecimento da indústria petrolífera do Iraque é considerada fundamental para a reconstrução do país.

Transferência de poder
O diplomata americano Paul Bremer, que lidere a administração americana do Iraque, afirmou que Saddam, desaparecido desde abril, estaria vivo e poderia estar por trás da onda de ataques no país. "Sua captura é nossa prioridade", disse ele em discurso.
Bremer ainda afirmou que vai "buscar meios de acelerar a transferência de poder aos iraquianos" e que estes terão "maior responsabilidade e autoridade" na segurança do país.
Nos EUA, Bush reiterou que deixar o Iraque prematuramente incentivaria os terroristas. "Terminaremos a nossa tarefa", disse.


Com agências internacionais


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