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EUA
Democratas e republicanos preparam-se para disputa no Senado envolvendo o escolhido de Bush para a Suprema Corte
Aprovação de Alito será batalha política
TODD S. PURDUM
DO "NEW YORK TIMES", EM WASHINGTON
A indicação do juiz Samuel A.
Alito Jr. para a Suprema Corte
oferece aos partidários conservadores do presidente Bush e a seus
adversários liberais exatamente o
tipo de batalha para a qual estavam preparados. E confere a Bush
uma luta que ele e a Casa Branca
acham que dificilmente perderão,
a começar porque ela muda o assunto em pauta em Washington.
Tendo apostado que poderia
evitar uma guerra declarada com
a indicação de Harriet E. Miers,
Bush agora voltou à sua posição
de costume, indicando um homem com credenciais acadêmicas totalmente sólidas, longa experiência judicial e características
conservadoras inequívocas.
Horas depois do anúncio do nome de Alito pelo presidente, grupos liberais que haviam aguardado um mês ou mais para tomar
posição com relação à indicação
por Bush do juiz John G. Roberts,
no verão passado, lançaram invectivas, opondo-se formalmente
à indicação de Alito, que descreveram como ameaça ao direito do
aborto, às liberdades civis e ao
controle de armas, enquanto grupos conservadores que tinham
deixado de apoiar Bush na indicação de Miers se adiantaram para
elogiar o novo nome indicado.
A disposição dos conservadores
em rechaçar a indicação de Miers
sem nem sequer uma audiência
no Senado lançou em dúvida sua
insistência de longa data de que
todos os indicados à Suprema
Corte deveriam ser submetidos a
um voto no Senado sem a ameaça
de obstrução, e alguns democratas sugeriram que um voto de
obstrução para impedir a passagem do juiz Alito ainda é uma
possibilidade que está aberta.
Resta a ver, porém, até que ponto a disputa será acirrada.
Do mesmo modo que a esquerda acabou encontrando dificuldade em caricaturar o juiz Roberts,
os defensores de Alito dizem que
seu estilo respeitoso e discreto,
sua história pessoal de filho de
imigrante e suas qualificações indiscutíveis quase certamente farão dele uma figura aceitável para
alguns dos mesmos democratas
de Estados predominantemente
republicanos que acabaram por
apoiar o juiz Roberts.
Além disso, a Casa Branca e seus
aliados agora estão inequivocamente unidos, dispostos a retratar
os democratas como obstrucionistas se tentarem derrotar a indicação por meios extraordinários.
A retirada forçada de Harriet
Miers e o indiciamento de Lewis
Libby, o ex-chefe-de-gabinete da
Vice-Presidência, deixaram Bush
politicamente mais fraco do que
estava quando escolheu Miers,
um mês atrás, e muito mais fraco
do que quando indicou o juiz Roberts, em julho. A pesquisa mais
recente, feita no fim de semana,
constatou que hoje 55% dos americanos consideram a Presidência
de Bush um fracasso.
Mas não está claro até que ponto será ampla a disposição do público em geral, nem mesmo dos
democratas no Senado, de lançar-se em guerra declarada num momento marcado por tantos outros
problemas prementes. Na segunda-feira, pelo menos alguns democratas no Senado pediram que
a retórica fosse abrandada.
Já os conservadores não perderam tempo para observar que o
juiz Alito teve confirmada sua indicação para a posição que ocupa
hoje com o consentimento unânime do Senado, há 15 anos. Os democratas dizem que a diferença
entre 15 anos atrás e hoje são 15
anos de decisões de Alito, além de
um clima político em que tudo
que concerne a indicações de juízes se polarizou e politizou muito.
Tradução de Clara Allain
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