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EUROPA
Stoiber, líder conservador, descarta participar de grande coalizão; social-democratas definem seu novo presidente
Crise piora e ameaça futuro governo alemão
MÁRCIO SENNE DE MORAES
DA REDAÇÃO
A crise que envolve a provável
futura coalizão governamental
alemã, que deverá ser composta
por conservadores da CDU e da
CSU e por social-democratas do
SPD, se agravou ontem, quando o
governador da abastada Baviera
(sul), Edmund Stoiber, anunciou
que não participaria do novo governo. Este deverá ser liderado
por Angela Merkel, líder da CDU.
A decisão de Stoiber, que é da
CSU e em 2002 perdeu a disputa
para tornar-se chanceler (premiê)
para o social-democrata Gerhard
Schröder, foi anunciada um dia
após o presidente do SPD, Franz
Müntefering, afirmar que não
tentaria reeleger-se líder do partido porque seu candidato para o
posto de secretário-geral fora rejeitado pela base social-democrata. Müntefering também deixara
em dúvida sua participação na
grande coalizão. Ontem, todavia,
ele dissipou a incerteza ao afirmar, segundo seus assessores, que
pretendia assumir o posto de ministro do Trabalho e o de vice-chanceler no governo Merkel.
De acordo com David Klingenberger, professor da Universidade
de Colônia, a crise atual reflete a
incerteza provocada pelo resultado do pleito legislativo ocorrido
em setembro. "Como não houve
claro vencedor, a porta está aberta
para a próxima grande disputa
eleitoral federal", disse à Folha.
"Ou seja, os protagonistas da cena política alemã já calculam o
que deverão fazer para obter uma
vitória inconteste na próxima
eleição legislativa, que, em princípio, só deverá ocorrer em 2009.
Contudo pouca gente acredita
que, se vier a assumir a Chancelaria, Merkel venha a conseguir
cumprir seu mandato até o final",
acrescentou Klingenberger.
De fato, ganham força vozes que
pedem a realização de nova eleição legislativa. Segundo a mídia
alemã, ela poderia ocorrer em 26
de março próximo, quando três
Estados terão votações regionais.
Em tese, as negociações entre
conservadores e social-democratas terão de ser concluídas até o final da próxima semana, e o Bundestag (Câmara Baixa do Parlamento) deverá eleger Merkel chefe de governo no dia 22 deste mês.
Para Jürgen Falter, da Universidade de Mainz, porém, "o SPD está sem líder real, o que o enfraquece nas negociações com a aliança
CDU/CSU e mina a credibilidade
de Müntefering como vice-chanceler e porta-voz" do partido.
"Assim, é preciso reconhecer que
a grande coalizão está em perigo."
Klingenberger frisou que o próprio Stoiber, que seria ministro da
Economia e tem bom relacionamento com Müntefering, pois
ambos são "relativamente de centro no que tange a políticas sociais", pode ter a "intenção velada
de debilitar a posição de Merkel".
"Não é possível descartar a hipótese de certos líderes conservadores já estarem pensando em
eleições futuras. Afinal, é notório
que Merkel comandará um governo fraco se conseguir chegar
ao poder", disse Klingenberger.
Ademais, segundo Falter, Stoiber está descontente com Merkel
porque ela não aceitou dar-lhe
poderes que, tradicionalmente,
pertencem ao Ministério da Educação e ao das Finanças.
No campo social-democrata, a
crise também se deteriorou. Andrea Nahles, que deveria ocupar a
secretaria geral, disse que poderá
abandonar sua intenção de chegar ao posto. O novo presidente
do SPD será Matthias Platzeck,
governador de Brandemburgo.
Se não puderem fechar acordo
com o SPD, os conservadores deverão procurar o apoio dos liberais, formando um governo com
minoria parlamentar, e talvez até
o dos Verdes. Mas é improvável
que estes aceitem participar de
uma coalizão de centro-direita.
Com agências internacionais
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