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Suíça discute restrições a suicídio assistido
Governo quer conter turismo de pacientes estrangeiros que buscam país exclusivamente para este fim
LUCIANA COELHO
DE GENEBRA
O governo suíço planeja restringir-e eventualmente, proibir- o suicídio assistido a fim
de evitar que clínicas especializadas lucrem com a prática e de
reduzir viagens de estrangeiros
ao país com este único fim.
A Suíça é um dos poucos países que permite o suicídio assistido, ao lado da Bélgica, da
Holanda e de Luxemburgo.
O órgão Executivo suíço, o
Conselho Federal, abriu para
consulta até março de 2010
duas propostas. Uma impõe regras mais rígidas para a prática.
A outra a proíbe.
"O suicídio só pode ser o último recurso. O Conselho Federal acredita na importância
crucial de proteger a vida humana e quer, especificamente,
promover o cuidado paliativo
como alternativa", diz comunicado do Ministério da Justiça.
Segundo informações divulgadas na imprensa local, em 2007
houve 1.360 suicídios na Suíça,
400 deles com assistência.
A proposta de restrição, entre outras coisas, explicita que
apenas pacientes terminais em
pleno gozo de suas faculdades
mentais poderão optar pela
"morte com dignidade". Doentes crônicos não teriam mais
direito de recorrer a ela.
Outra exigência nova é a de
dois atestados médicos distintos e independentes da clínica
de suicídio: um confirmando
que a pessoa tem discernimento e outro ratificando sua condição de doente terminal.
Ganhos comerciais também
passam a ser vetados -nenhuma organização poderá cobrar
por seus serviços de assistência
ao suicídio, apenas pela cobertura dos custos.
"O Conselho Federal acredita que, determinando essas
obrigações, os aspectos negativos e os abusos do suicídio assistido organizado podem ser
evitados, e o "turismo suicida",
reduzido", declara o governo.
Organizações britânicas calculam que no último ano mais
de cem cidadãos do país tenham ido à Suíça com esse fim.
O Executivo suíço, segundo o
ministério, prefere restringir a
prática e não proibi-la. "O Conselho Federal não quer, essencialmente, mudar a atual legislação, que permite que alguém
ajude outra pessoa a se suicidar, contanto que não seja por
interesse próprio", diz o texto.
"Mas as organizações de suicídio assistido estão testando as
fronteiras da lei, e, em alguns
casos, burlando mecanismos
de monitoramento."
A clínica de suicídio assistido
Dignitas divulgou comunicado
no qual chama a decisão de
"afronta escandalosa aos doentes crônicos" e um incentivo ao
suicídio solitário "em pontes e
trilhos". A clínica afirma que
pedirá um referendo sobre o
assunto, alegando que a decisão
"vai contra a vontade do povo".
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