São Paulo, terça-feira, 02 de novembro de 2010

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Cristina diz que vive momento doloroso, mas não o mais difícil

Líder argentina fez primeiro discurso após a morte do marido

GUSTAVO HENNEMANN
DE BUENOS AIRES

A presidente argentina, Cristina Kirchner, fez ontem à noite seu primeiro discurso público depois da morte do marido e ex-presidente, Néstor Kirchner, vítima de um infarto na última quarta-feira.
Em um comunicado de cinco minutos, transmitido em cadeia nacional, Cristina agradeceu a todos que manifestaram "apoio e carinho" no velório e no enterro de Kirchner. Em ao menos dois momentos, pareceu esforçar-se para não chorar.
Cristina disse que está vivendo o momento mais "doloroso" de sua vida. No entanto, não se trata do momento de maior "dificuldade" em seu governo, segundo ela.
"A dor é diferente das dificuldades e das adversidades. Eu tive, na minha vida política e no meu governo, muitas dificuldades, mas a dor é outra coisa. Perdi o meu companheiro de vida, de luta e de ideais. Parte de mim se foi com ele."
A presidente afirmou que tem responsabilidade ainda maior do que já tinha, porque precisa "honrar a memória e o governo" de Kirchner, que "transformou o país".
Ela retomou ontem as atividades em Buenos Aires depois de cinco dias de luto. No fim de semana, a presidente permaneceu com os filhos na Província de Santa Cruz, no extremo sul, onde o ex-presidente foi enterrado.
Ontem, Cristina recebeu ministros e diplomatas para atividades internas na Casa Rosada e gravou o comunicado, que foi transmitido às 20h30 para todo o país.

AGENDA
A presidente decidiu encurtar em cinco dias a viagem que fará à Ásia, na próxima semana, para poder participar pessoalmente da transição que o governo será obrigado a fazer.
Apesar de não ocupar nenhum cargo no Executivo, Kirchner desempenhava funções de articulação política e no âmbito econômico.
Ontem, o governador da Província de Buenos Aires, Daniel Scioli, que herdou a presidência do Partido Justicialista após a morte de Kirchner, reuniu prefeitos peronistas para respaldar o governo de Cristina e demonstrar coesão partidária.
Uma pesquisa divulgada pelo instituto Ibarômetro indicou que a morte do ex-presidente repercutiu de forma positiva na popularidade do governo.
Conforme o levantamento, que ouviu mil argentinos por telefone, 62% dos entrevistados acredita que Cristina pode levar adiante o projeto iniciado pelo marido e 44,5% afirmaram que votariam por sua reeleição.
Analistas vinham afirmando ao longo do ano que o casal sofreria inevitável derrota no pleito presidencial de outubro de 2011.
A pesquisa foi feita no dia seguinte à morte de Kirchner.


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