São Paulo, quarta-feira, 02 de novembro de 2011

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Israel retalia ação de Palestina na ONU com assentamentos

Governo prevê 2.000 novas unidades habitacionais em reação ao ingresso dos palestinos como membros da Unesco

Autoridades israelenses anunciam que irão congelar o repasse de impostos aos palestinos em territórios ocupados

MARCELO NINIO

DE JERUSALÉM

O governo israelense anunciou ontem uma nova onda de construções em assentamentos da Cisjordânia e Jerusalém Oriental em resposta à entrada da Palestina como membro da Unesco (Organização da ONU para Educação, Ciência e Cultura).
A medida faz parte de um pacote de sanções contra a ANP (Autoridade Nacional Palestina), que também inclui o congelamento do repasse de impostos palestinos recolhidos por Israel.
Aprovada por grande maioria anteontem, a entrada da Palestina como membro pleno da Unesco foi considerada uma provocação pelo governo israelense e um erro pelos EUA, que cortaram a ajuda à organização. Cerca de 2.000 novas unidades habitacionais serão construídas em Jerusalém Oriental e em assentamentos da Cisjordânia -ocupados em 1967.
Antecipando críticas, o comunicado do governo enfatiza que as novas construções ficam em "áreas que permanecerão como parte de Israel sob qualquer futuro acordo".
Um membro do governo ouvido pelo jornal "Jerusalem Post" justificou o pacote de sanções como um reflexo da impaciência do público em Israel com as ações da liderança palestina.
"Eles se recusam a condenar os ataques de mísseis [de Gaza] que mataram um israelense, elogiam o sequestro do soldado Gilad Shalit, se negam a conduzir negociações de paz e recorrem a ações unilaterais, na ONU."

ACELERAÇÃO
Para os palestinos, que ontem comemoravam a entrada na Unesco, a decisão de construir nos territórios ocupados "acelera a destruição do processo de paz", segundo o porta-voz do presidente da ANP, Mahmoud Abbas.
Nabil Abu Rdainah chamou de "desumano" o congelamento dos repasses financeiros à ANP. A medida suspende temporariamente a transferência de cerca de R$ 143 milhões que estava prevista para esta semana.
Apesar dos percalços, a vitória na Unesco, primeiro organismo das Nações Unidas a aceitar a Palestina como membro pleno, deve estimular a liderança palestina a manter a estratégia.
Outras 16 agências da ONU estão na mira, disse ontem o representante palestino em Genebra, Ibrahim Khraishi. O próximo alvo deve ser a OMS (Organização Mundial da Saúde).
A estratégia foi deflagrada em setembro, quando Abbas entrou com um pedido na sede da ONU, em Nova York, para que a Palestina seja aceita como membro pleno.
O pedido pode ser votado ainda neste mês no Conselho de Segurança, mas os EUA já anteciparam que usarão seu poder de veto para barrar a ambição palestina.


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