|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Opositor critica Lula e ameaça deixar Mercosul
DO ENVIADO A CARACAS
No encontro de ontem, Manuel Rosales ironizou a visita
que o presidente brasileiro,
Luiz Inácio Lula da Silva, fez a
Hugo Chávez há duas semanas,
ato criticado por um diretor do
Conselho Nacional Eleitoral
(CNE). "Lula emitiu alguns critérios como pagamento de tudo
o que lhe fez a Venezuela", disse o oposicionista à Folha,
quando instado a comentar o
incidente.
"Eu peço a ele que o Brasil
ajude a meu governo e que as
relações sejam mais equilibradas, pois nós precisamos de
mais ajuda do Brasil do que o
contrário." No dia 13 de novembro, o presidente brasileiro
visitou o país para participar da
inauguração de uma ponte ao
lado de Chávez. Na ocasião,
disse que, se os banqueiros e
empresários tivessem de fazer
uma opção entre Chávez e "um
outro lá que seja mais próximo
deles, não tenha dúvida de que
o preconceito fará com que eles
estejam do lado de lá".
Ontem, Rosales respondeu.
"Sou um homem positivo, creio
que Lula se equivocou, mas para mim é uma passagem esquecida. Quando eu ganhar, ligarei
para ele." Depois, diria: "Peço
que Lula e seu governo nos ajudem. Temos muita coisa que
aprender com o Brasil".
O candidato da oposição
também ameaçou retirar a Venezuela do Mercosul. "O acordo será revisado", disse. Indagado sobre como se daria a revisão, elaborou: "Vamos fazer
propostas sobre o que significa
o Mercosul a partir de nossa visão. E, a partir daí, de algumas
condições que nós queremos
que se modifique, decidiremos
se terminará nossa participação ou não".
Em termos gerais, no entanto, o candidato disse que "o
ideal seria que estivéssemos no
Mercosul e na CAN (Comunidade Andina de Nações)" ao
mesmo tempo. Sob Hugo Chávez, a Venezuela passou a integrar o Mercosul e se retirou da
CAN. O último ato foi tomado
em protesto contra os acordos
bilaterais com os EUA firmados pelo Peru e pela Colômbia,
que provocaram crise diplomática na região andina.
Considerado o candidato que
agrada a Washington e dizendo-se um "democrata social
moderno", Rosales afirmou
que um Tratado de Livre Comércio (TLC) com os Estados
Unidos, nos moldes dos que fizeram recentemente Peru e
Colômbia, não é "necessariamente" uma prioridade.
"Nós já temos os EUA como
nosso maior parceiro comercial, mas não temos necessariamente de falar desde já da assinatura de um tratado comercial", desconversou. Para ele, "a
liquidez que já temos não refrescaria muito com esse tipo
de acordo".
Sobre a pressão do governo
Bush para a realização de tratados bilaterais com os países da
América do Sul, como maneira
de pressionar principalmente o
Brasil a aceitar a Alca (Área de
Livre Comércio das Américas),
e sobre o esvaziamento do
Mercosul, o ex-governador
tentou ser menos polêmico e
mais filosófico.
Depois de dizer que não iria
entrar em detalhes, afirmou:
"Temos nossa visão democrática e social, mas para melhorar,
não para destruir um organismo e criar um novo e ser o fundador ou o novo dono ou protagonista desse novo organismo.
Se temos de fazer um acordo,
não se pode partir da premissa
da destruição do organismo anterior".
Para ele, há no continente
tratados assinados apenas por
pressão política. "São acordos
meramente políticos ou que
não se cumprem e não vão à solução dos problemas."
(SD)
Texto Anterior: Bolivarianas Próximo Texto: Centenas de milhares pedem saída do premiê no Líbano Índice
|