São Paulo, sábado, 02 de dezembro de 2006

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Italiano que viu espião está contaminado

Acadêmico apresenta sinais de radiação após jantar com russo em Londres no dia de sua internação

MARCO AURÉLIO CANÔNICO
DE LONDRES

Uma segunda pessoa, que a mídia britânica identificou como sendo o acadêmico italiano Mario Scaramella, foi contaminada com a substância radiativa polônio 210, confirmou ontem a Agência de Proteção à Saúde do Reino Unido.
Em declaração oficial, a agência afirmou que o italiano "esteve em contato direto com Alexander Litvinenko", o ex-espião russo morto no último dia 23 após ter sido envenenado com a mesma substância.
Scaramella, que participa de um inquérito parlamentar na Itália sobre atividades da FSB (a agência de inteligência russa que sucedeu a KGB), encontrou-se com Litvinenko, ex-membro da agência, em um restaurante japonês em Londres, no dia 1º de novembro - quando o russo foi internado.
Apesar de Scaramella não ter apresentado ainda sintomas da contaminação, o comunicado da agência dizia que uma "quantidade significativa" de polônio 210 foi encontrada e que havia "preocupação" quanto à saúde do acadêmico.
Segundo a mídia britânica, o italiano não comeu durante o encontro com Litvinenko no Itsu Sushi Bar. Em entrevista na semana passada, Scaramella havia dito que se avistou com o ex-agente russo para mostrar-lhe e-mails de uma fonte comum que avisava que ambos corriam risco de vida.
No mesmo dia, Litvinenko se reuniu em um hotel de Londres com dois compatriotas, um deles também ex-agente da FSB.

Parente contaminado
Após a confirmação da contaminação de Scaramella, o Senado italiano afirmou que irá buscar rastros da substância em sua sede em Roma.
Em declarações à TV britânica Sky News, o secretário do Interior britânico, John Reid, disse ontem que um membro da família de Litvinenko também apresentou traços de contaminação por polônio 210. Ele não informou o grau de parentesco do contaminado.
"É importante lembrar que a família de Litvinenko teve contato próximo com ele durante sua doença, e, apesar desse nível de exposição, esse parente adulto recebeu apenas uma pequena fração da dose letal recebida pelo próprio Litvinenko", afirmou Pat Troop, da Agência de Proteção à Saúde.
Uma carta atribuída a Litvinenko, que vivia desde 2000 como refugiado no Reino Unido e tinha nacionalidade britânica, acusou o presidente russo, Vladimir Putin, de ter planejado o seu assassinato.
Moscou negou as alegações e lamentou oficialmente a morte do ex-espião, além de ter prometido ajudar nas investigações.
Até o momento foram encontrados rastros de radiação em 12 lugares de Londres e em dois aviões da British Airways.
Ontem, um hotel em East Sussex, sudeste da Inglaterra, foi esvaziado para que a polícia e especialistas fizessem testes para detectar possíveis traços de polônio 210.
Segundo o gerente, o hotel Ashdown Park foi mais tarde reaberto, mas os resultados não foram divulgados.


Com agências internacionais


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