DA REDAÇÃO

Em seu último compromisso na Turquia -celebração de missa para a comunidade católica na catedral do Espírito Santo, em Istambul-, Bento 16 afirmou ontem que "a igreja não pretende impor nada a ninguém". Disse que a ela "apenas pede para viver em liberdade", maneira de voltar à questão da liberdade religiosa da minoria cristã em países muçulmanos, um dos temas delicados para seus anfitriões que ele reiterou sem pruridos. Os católicos são apenas cerca de 30 mil naquele país em 98% islâmico.
Em sua homilia, o papa disse que aquela minoria "conhece o humilde caminho de dividir cada um dos dias com aqueles que não concordam com nossa fé".
A mídia turca, de início discreta na cobertura de sua visita, iniciada terça-feira, retratou de forma quase exaltada o único grande gesto de Bento 16 na direção da maioria islâmica: sua visita, anteontem, à mesquita Azul e a oração que fez, ajoelhado e voltado para a Meca.
"Foi um gesto muito amistoso", disse Mustafá Cagrici, que acompanhava o papa e é o líder religioso de Istambul. O jornal "Aksam" afirmou que a iniciativa representou "uma surpresa maravilhosa".
Estavam presentes à missa de ontem os três líderes ortodoxos com quem o papa havia se avistado na véspera: o patriarca ecumênico de Constantinopla, Bartolomeu 1º, Mesrob 2º, patriarca armênio, e o patriarca sírio, Fluksinos Yousuf Cetin.
Antes de seguir para o aeroporto, Bento 16 inaugurou uma estátua de João 23, que antes de se tornar papa, em 1958, foi por nove anos núncio apostólico na Turquia. Soltou quatro pombas, um gesto de paz. Foi acompanhado até a entrada do avião da Turkish Airlines pelo governador de Istambul, Mohamed Guler, com quem trocou palavras amáveis.