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Dissidente afirma ter sofrido ameaças de morte durante sessão no Senado
FABIANO MAISONNAVE
DA REPORTAGEM LOCAL
O suplente de senador Andrés Fermín Heredia Guzmán esteve no centro das
atenções nesta semana na
Bolívia, ao furar o bloqueio
imposto pela oposição no Senado para aprovar na terça-feira, junto com a bancada governista, a controvertida lei
de terras, que assegura ao
Executivo o poder para determinar se uma terra é ou não
produtiva.
Heredia Guzmán rompeu
com a posição do seu partido,
o direitista Podemos (Poder
Democrático e Social), junto
com o senador Mario Vargas.
Mas, no final da sessão, estava
sozinho. Fotos na imprensa
local o mostram cercado pelas cadeiras vazias da bancada
oposicionista.
"Mario Vargas saiu no meio
da sessão porque houve a invasão de um deputado do Podemos que nos ameaçou. Arrombou a porta de entrada do
Senado, quebrou os vidros.
Ele chegou aos nossos ouvidos e disse: "Vocês vão morrer'", disse ontem à Folha
Heredia Guzmán, em português impecável, durante entrevista no apartamento de
seu irmão, em São Paulo.
Amigos
Sobre a mesa, fotos dele ao
lado dos presidentes Luiz
Inácio Lula da Silva, Néstor
Kirchner (Argentina) e Hugo
Chávez (Venezuela), além do
ex-ministro da Casa Civil José Dirceu.
"Ele [o deputado do Podemos] pegava seu celular e nos
colocava no ouvido. Ouvi burburinhos e um "vou te matar",
uma coisa assim. Não dei corda, ele aparentava estar embriagado", afirmou.
O suplente disse que foi
convencido a substituir o senador titular e a votar pelo
governo pelo vice-presidente
Álvaro García Linera, considerado o grande estrategista
político de Evo Morales. "O
García Linera, por ter atribuição constitucional e ser o presidente nato do Congresso,
me convocou para que pudéssemos ter uma conversa referente à lei. E, lendo juntos, me
convenci de que era o melhor
para a população boliviana.
Por outro lado, estavam vindo a La Paz populações de
camponeses indígenas. A
gente sentia que rios de sangue iam correr na nossa terra.
Não tinha alternativa."
Acusado de ter recebido suborno pelo próprio partido,
ele nega. "Se, por ventura, o
García Linera tivesse me proposto outra coisa, imediatamente iria sair da sala e estaria ausente do plenário."
Com fortes laços no Brasil
-é casado com uma brasileira e foi representante comercial do governo boliviano em
São Paulo-, Heredia Guzmán intermediou, em julho,
uma visita de García Linera a
Lula. A programação da viagem, cancelada na última hora, incluía o empréstimo de
um avião da FAB e um jantar
com Dirceu. García Linera
acabou viajando em agosto ao
Brasil, sem o envolvimento
do suplente do Podemos.
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