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Carta de Betancourt mostra desespero de reféns das Farc
DA REDAÇÃO
Divulgada ontem por jornais
da Colômbia, a carta de 12 páginas enviada pela franco-colombiana Ingrid Betancourt à
mãe, Yolanda Pulecio, causou
comoção. Seqüestrada pelas
Farc (Forças Armadas Revolucionárias da Colômbia) quando
era candidata à Presidência,
em 2002, Betancourt conta
que perdeu o apetite, não come, e que seu cabelo cai "em
grande quantidade".
"Aqui vivemos mortos", diz
ela, sobre o estado dos reféns
na selva colombiana. "A vida
aqui não é vida, é um desperdício lúgubre de tempo. Vivo e
sobrevivo em uma rede estendida entre dois troncos, coberta com um mosquiteiro, com
uma manta como teto."
Ontem, a mãe de Betancourt
e outros parentes de reféns viajaram à Venezuela para se reunir com o presidente Hugo
Chávez, que mediava as negociações entre o governo colombiano e as Farc para a troca de
45 seqüestrados por 500 guerrilheiros presos. Chávez foi
afastado há uma semana das
negociações pelo colega colombiano, Álvaro Uribe, que o acusa de contatar militares colombianos sem sua autorização.
Em entrevista à rádio Caracol, a mãe de Betancourt atacou Uribe por ter afastado Chávez, se disse "indignada" pela
divulgação da carta à imprensa
e afirmou que pretende processar a Procuradoria da Colômbia. "Era uma carta para
nós, sua família." O procurador-geral colombiano, Mario
Iguarán, respondeu que foi
surpreendido pela publicação,
pediu desculpas e prometeu investigar o caso.
A carta fazia parte do material apreendido na sexta pelo
Exército colombiano com três
mensageiros das Farc na periferia de Bogotá. O material incluía outras cartas, vídeos e fotos de 17 dos 45 reféns.
O grupo de parentes que foi a
Caracas tenta negociar o retorno de Chávez como mediador.
As provas de vida dos reféns haviam sido pedidas às Farc por
Chávez, para quem o governo
colombiano não deveria tê-las
divulgado. Ontem, o venezuelano disse que, apesar de ter rompido relações com Uribe, não
"fechou as portas" à mediação.
"Mas a esta altura acho que
não há vontade da parte de Uribe, ele acredita que pode derrotar militarmente as Farc", completou. Uribe disse ontem, depois de conversar por telefone
com o colega francês, Nicolas
Sarkozy -que tem estado envolvido na tentativa de libertar
Betancourt-, que os dois exploram "novas vias" para negociar a soltura dos reféns.
Em entrevista divulgada na
internet, um porta-voz das
Farc, Ivan Márquez, disse que
Sarkozy pode jogar um papel
"transcendental" no processo.
Com Efe e France Presse
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