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Reforma dá poder ao povo, afirma parlamentar chavista
DE CARACAS
Um dos principais parlamentares chavistas na área jurídica,
o deputado federal Calixto Ortega diz que o centro da proposta é "repassar o poder ao povo"
e que a reforma constitucional
não aumenta as atribuições do
Executivo. Representante do
Estado petroleiro de Zulia (oeste), principal reduto da oposição, Ortega, formado em direito, é um dos deputados mais
próximos de Chávez.
(FM)
FOLHA - Por que a reforma é necessária?
CALIXTO ORTEGA - A proposta de
aprovação da reforma tem implícita a concessão de status
constitucional a elementos indispensáveis na proposta de
mudanças do presidente Chávez. A linha central da proposta
é repassar o poder ao povo. Essa proposta, esse slogan, é uma
linha de ação à qual estamos
dando conteúdo jurídico. Nós
saímos de uma fase experimental dos conselhos comunais e
neste momento estamos lhes
dando status constitucional.
Posso mencionar dois repasses de poder ao povo. Em primeiro lugar, o nível de participação dos cidadãos nos eventos
políticos. Quando se aprova
uma lei na Assembléia Nacional, terá de ser obrigatoriamente submetida a consulta, e não
ser discutida unicamente em
grupos fechados, como costuma ser na maioria dos Parlamentos do mundo. Aqui, não é
segredo que algumas leis eram
escritas nos escritórios de advocacia mais poderosos do país.
Outro exemplo é a criação
dos Conselhos Comunitários,
uma instância de governo comunitária. Assim como existe o
governo nacional, os governos
regionais e municipais, há a
instância da comunidade organizada, que pode assumir a solução de certos problemas. Os
conselhos terão status constitucional. Esses elementos
constituem o Poder Popular.
FOLHA - Por que é preciso ter a reeleição indefinida para dar mais poder ao povo?
ORTEGA - A reeleição é o que a
oposição do país faz ver como o
elemento mais importante.
Não interessa muito à oposição
o conteúdo da reforma. Como
houve nove eleições no país
desde o ano de 1998 e a oposição perdeu todas, o que eles
querem agora é perder por 10 a
7, e não por um 10 a 2, por causa
do processo eleitoral do ano
que vem, para governadores e
prefeitos. Eles fizeram uma
campanha cheia de mentiras
sem fundamentos, como o tema de que vamos acabar com a
propriedade privada. Mais do
que uma reeleição indefinida,
trata-se de uma postulação,
porque no final quem decide é o
povo. Eu compartilho a idéia de
que ninguém é indispensável.
Ao mesmo tempo, considero
que, num dado momento, uma
pessoa é necessária para que
esteja à frente de um processo.
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