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Para opositor, mudança traria centralização de poder danosa
DE CARACAS
Para o prefeito opositor Henrique Capriles Radonski (Primeiro Justiça, centro-direita),
a reforma constitucional transformará a Venezuela em um capitalismo de Estado e debilitará
os governos regionais. Aos 35
anos, desde 2000 ele é prefeito
de Baruta (500 mil habitantes),
município que compõe Caracas. A seguir, trechos da entrevista concedida à Folha.
(FM)
FOLHA - O que acontecerá no país
caso o "sim" vença?
HENRIQUE CAPRILES RADONSKI - Em
todos os países onde os governos são poderosos, os cidadãos
são débeis. O melhor que pode
acontecer à Venezuela e a Chávez é que o "não" vença. Se o
"sim" ganhar, ninguém mais
vai contrariá-lo, e todos os poderes se concentrarão nas
mãos de uma pessoa.
Desde a época de Simón Bolívar nunca fomos defensores do
poder em mãos de um governante por muito tempo. Aumentando o mandato para sete
anos, será o maior período presidencial da América Latina.
FOLHA - Quais são os pontos mais
problemáticos?
CAPRILES - Eu começaria pela
linguagem ambígua, abstrata,
falando de socialismo sem dizer o que é. Eu estou de acordo
com o socialismo moderno,
progressista, e não com a revolução cultural de Mao Tsé-tung, por exemplo, que é o que
Chávez propõe. O período presidencial longo, o fortalecimento do poder nacional, a administração pelo presidente das
reservas internacionais e do
Banco Central para se garantir
no poder. A nova geometria do
poder, que não é clara.
Nós melhoramos a qualidade
de vida dos venezuelanos porque o país deixou de ser um Estado federal. Os eventuais pontos positivos, como a redução
da jornada de trabalho, não
precisam de uma reforma
constitucional. Viveríamos
num capitalismo de Estado,
com o Estado tentando ser dono de tudo. Não creio nessa visão. O Estado deve se concentrar no básico: segurança, justiça, educação e saúde.
FOLHA - Chávez passaria a nomear
o governador de Caracas. O que
acontecerá com a capital?
CAPRILES - Caracas entrará numa dinâmica totalmente incerta, será administrada do [Palácio] Miraflores. Está errado;
que as pessoas escolham seu
governante. Eu, como governante, tenho de prestar contas
ao cidadão. Se Chávez é quem
me nomeia, vou prestar contas
ao presidente, o meu chefe.
Há um processo de enfraquecimento das prefeituras. O governo fala de fortalecimento do
poder popular, de transferir os
serviços ao poder popular. A
mim parece bom, mas não na
medida em que vira uma relação direta com o poder nacional. O Conselho Comunitário
trocará lâmpadas nas ruas?
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