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Governo dos EUA derruba WikiLeaks
Amazon interrompe acesso a site após pressão política da Casa Branca; conexão foi restabelecida no fim da tarde
A pedido de corte sueca, Interpol emite "alerta vermelho" em busca de Assange, fundador e face pública do site
DAS AGÊNCIAS DE NOTÍCIAS
Quatro dias após o início
do vazamento de documentos sigilosos da diplomacia
norte-americana pelo site
WikiLeaks, o governo dos
EUA reagiu de forma dura.
Pressionou a Amazon Web
Services a interromper o contrato pelo qual fornecia o servidor de acesso ao site.
Em consequência, o WikiLeaks, que diz ter 250 mil documentos em seu poder, ficou fora do ar por pelo menos
cinco horas. No final da tarde, voltou a funcionar, após
transferir as operações ao
servidor sueco Bahnhof.
A Amazon Web Services é
parte da Amazon.com, popular site de venda de livros e
outros produtos.
A informação foi dada primeiro pelo senador americano Joe Lieberman, presidente da comissão de Segurança
Nacional do Senado.
Apesar de não pertencer a
nenhum partido, Lieberman,
ex-democrata, é próximo da
Casa Branca. O senador disse
que ele mesmo pediu à Amazon que cortasse o serviço.
O Departamento de Segurança Doméstica dos EUA
também confirmou que fez
gestões junto à Amazon para
cortar o serviço.
O contrato entre o WikiLeaks e a empresa teria sido
firmado nessa semana após o
site ter dito que sofreu ataque
de hackers nos últimos dias.
A Amazon não comentou
as acusações. A reportagem
da Folha entrou em contato
com o escritório nos EUA,
mas não obteve resposta.
"Eu peço a qualquer outra
companhia ou organização
que esteja abrigando o WikiLeaks a imediatamente encerrar a sua relação com o site", afirmou Lieberman.
Segundo o jornal "Wall
Street Journal", a página dedicada aos documentos utilizava servidores da Amazon
em Seattle (EUA) e da empresa francesa Octopuce.
Já a página principal usaria servidores da Amazon nos
EUA e na Irlanda.
Com ironia, o perfil do WikiLeaks no Twitter reagiu.
"Servidores do WikiLeaks
na Amazon derrubados. Liberdade de expressão na terra dos livres. Tudo bem, nosso $ agora é gasto para empregar pessoas na Europa."
O porta-voz do WikiLeaks,
Kristinn Hrafnsson, disse
que tem "caminhos de superar a suspensão do serviço".
PROCURADO
A Interpol emitiu ontem
um alerta internacional para
informar que Julian Assange,
fundador do site, figura na
sua lista de mais procurados.
O alerta vermelho da Interpol, usado para prender alguém provisoriamente, foi
emitido a pedido da corte criminal de Estocolmo.
Assange é acusado de estupro, assédio sexual e coerção ilegal. Os supostos crimes foram registrados na cidade sueca de Gotemburgo.
O advogado dele, Mark
Stephens, afirmou ontem
que seu cliente está sendo
perseguido pelas autoridades suecas, que promovem
um processo penal sobre os
supostos crimes.
Oficiais suecos afirmam
que o alerta foi emitido porque ele não se disponibilizou
a se reunir com procuradores. Stephens afirma que as
autoridades suecas negaram
repetidas ofertas para conversar com Assange.
Ele nega as acusações e diz
que as denúncias são uma tática do Pentágono para desmerecer seu site. Contra a ordem de prisão, Assange, que
está em local desconhecido,
apresentou recurso.
A corte sueca ordenou a
detenção de Assange em 18
de novembro, quatro dias antes do WikiLeaks anunciar
que iria vazar novos documentos secretos.
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