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Iraque teve recorde de mortes, diz governo
Número oficial é de 1.930 civis mortos em dezembro; para ONU, cifra é maior
Ministério do Interior relata
aumento da violência entre
grupos religiosos rivais; total de mortes computadas em 2006 chegou a 12.320
DA REDAÇÃO
O Ministério do Interior do
Iraque anunciou ontem que
12.320 civis foram mortos no
ano passado em confrontos internos. Só em dezembro o número de vítimas civis foi recorde e chegou a 1.930, uma centena a mais que no mês anterior e
três vezes e meia os 548 registrados no mês de janeiro.
Segundo o levantamento, em
2006 foram mortos no Iraque
1.231 policiais e 602 militares.
Ficaram feridos 15.143 civis e
2.113 militares ou policiais.
Essas cifras, apesar de bastante expressivas, são consideradas bem inferiores à realidade. As Nações Unidas, com base
em levantamentos do Ministério da Saúde e do serviço de medicina legal de Bagdá, acreditam que em média 120 civis sejam mortos diariamente.
Só em outubro a ONU calculava em 2.700 as mortes de civis. A estimativa foi considerada "exagerada" pelo governo
iraquiano -para aquele mês,
ele calculava as mortes civis em
1.289. O governo tem aumentado a periodicidade de divulgação de seus boletins, provavelmente sob a pressão dos grupos
xiitas, responsáveis pelos esquadrões da morte que fazem
vítimas na comunidade sunita
de Bagdá, diz a Reuters.
Em dezembro, morreram ao
menos 112 soldados americanos, maior cifra registrada em
dois anos num único mês. No
total, 3.003 americanos já morreram desde a invasão do país,
em 2003. O Reino Unido já perdeu 127 militares.
A organização não-governamental Iraq Body Count estima
que, desde o início da guerra, o
Iraque tenha perdido entre
4.900 e 6.375 militares, enquanto o número de civis mortos estaria entre 52.139 e
57.707, números que a entidade crê serem subestimados.
Congresso democrata
O novo Congresso americano, com a oposição democrata
na maioria das duas Casas, reúne-se amanhã, e as mudanças
na política para o Iraque estarão na ordem do dia.
O jornal "Military Times", lido por soldados americanos no
Iraque, divulgou enquete segundo a qual apenas 35% de
seus leitores aprovavam a política de Bush para o país, enquanto 42% a desaprovavam.
O presidente George W.
Bush deve anunciar proximamente o envio de mais 15 mil a
30 mil novos soldados, para
tratarem sobretudo da segurança de Bagdá, onde os grupos
radicais xiitas são como principal fonte de violência.
Um de seus dirigentes é o clérigo Moqtada al Sadr, um aliado
do primeiro-ministro Nuri al
Maliki, que se encontra em posição delicada por não responder às pressões americanas para forçar esses milicianos a
abandonarem suas operações
de extermínio.
Foram partidários de Sadr
que aparentemente participaram da execução, no sábado, de
Saddam Hussein, agredindo
verbalmente o ditador momentos antes de seu enforcamento
e por isso alimentando o clima
de tensão sectária com a comunidade minoritária sunita.
O vice-primeiro-ministro
britânico, John Prescott, qualificou ontem de "deplorável" a
divulgação do vídeo de dois minutos que retratam os últimos
momentos de Saddam. O premiê Tony Blair, em sua mensagem de Ano Novo, não tocou no
assunto. O Reino Unido é o
principal aliado de Bush.
O premiê iraquiano reiterou
ontem, por meio de assessores,
que instalaria uma comissão de
inquérito sobre os incidentes
registrados no cadafalso. Mas
observadores acreditam que
ele não colocará em situação
delicada seus aliados xiitas.
O Vaticano voltou a se pronunciar sobre o enforcamento,
qualificando-o de um "espetáculo" que "violou os direitos
humanos e comprometeu os
esforços para promover a reconciliação no Iraque".
Com agências internacionais
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