São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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Surgimento de grupo armado preocupa Lugo

Presidente paraguaio se reúne com gabinete de segurança após ataque a posto militar no norte do país

DA REDAÇÃO

O presidente do Paraguai, Fernando Lugo, reuniu-se ontem com o gabinete de segurança para discutir aparente surgimento de insurgência armada no país, após o ataque a um posto militar na noite de ano novo. A ação é reivindicada pelo Exército do Povo Paraguaio (EPP), obscuro grupo camponês que atua no norte do Paraguai, principal cenário de conflitos entre agricultores sem terra e grandes proprietários.
"Estamos muito preocupados pelo incidente, pela forma como ocorreu e o objetivo que teve. Acreditamos que existe um grupo interessado em juntar amas para fins ilícitos", disse o presidente.
Dois fuzis M-16 e munição foram roubados do posto de Tucuatí, no departamento de San Pedro, onde o Lugo foi bispo por dez anos. O posto foi atacado a meia hora da virada do ano, quando a segurança tinha sido reduzida e apenas um militar estava no local. Três mascarados invadiram, saquearam e incendiaram o prédio.
É a segunda ação contra as forças de segurança atribuída ao EPP no norte do país. O grupo assumiu a autoria do incêndio de uma delegacia em Horqueta, no departamento de Concepción, e é suspeito no sequestro de um criador de gado, libertado mediante resgate.
"Não permitiremos a existência de zonas liberadas, sem a presença do poder público", disse o ministro do Interior, Rafael Filizzola. A comissão do Congresso que atua durante o recesso parlamentar cobrou do executivo "uma profunda investigação" do episódio.
Comunicado do EPP afirma que o governo Lugo "não executará a reforma agrária integral prometida ao povo paraguaio" e defende que o "povo tome a terra", com "uso intensivo da violência" para "vencer a resistência de uns poucos ricaços prepotentes".
Para o chefe de polícia de Concepción, Ricardo Chaparro, trata-se de "simples delinquentes". O grupo "se faz de revolucionário", mas não é uma organização política, disse ele.
Lugo venceu as eleições em abril, pondo fim a 61 anos de hegemonia do Partido Colorado, com promessas de combate à pobreza e reforma agrária. A posse, em agosto, intensificou o conflito entre agricultores sem terra e grandes produtores rurais, muitos deles "brasiguaios" -brasileiros ou descendentes residentes no país.

Com agências internacionais



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