São Paulo, sábado, 03 de janeiro de 2009

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UE fará reunião extraordinária sobre gás

Interrupção do fornecimento russo à Ucrânia começa a afetar países do bloco, apesar de promessas em contrário de Moscou

Rússia acusa Kiev de desviar combustível destinado ao mercado europeu; 80% das exportações para a Europa transitam pela Ucrânia

DA REDAÇÃO

A União Europeia discutirá em reunião extraordinária o impasse entre as estatais energéticas da Ucrânia e da Rússia, que já começa a afetar o envio de gás para alguns países do bloco. "Sentimos que a situação agora evoluiu para um ponto que justifica um encontro extraordinário", disse ontem Radek Honzak, porta-voz da República Tcheca, que ocupa a presidência rotativa da UE.
A Ucrânia está desviando uma parte do gás destinado à UE desde que a Rússia suspendeu, anteontem, as remessas para a ex-república soviética. Pelos dutos da ex-república soviética são transportadas 80% das exportações da gigante russa Gazprom para a Europa.
Praga classificou a crise como "problema bilateral", mas iniciou esforços diplomáticos para evitar o desabastecimento. Ontem, o premiê Mirek Topolanek encontrou funcionários do governo ucraniano. Além da reunião do bloco, na próxima segunda-feira, a presidência da UE anunciou planos de reunir-se com Moscou.
A pressão nos gasodutos baixou ontem na Hungria e na Polônia, e alguns países nos Bálcãs relataram ter recebido menos gás do que o esperado, contrariando a promessa feita por Moscou e Kiev de que não haveria impacto no fornecimento. A redução não atingiu a ainda a Alemanha, principal compradora de gás russo.
"A Ucrânia admite abertamente que está roubando gás e não tem vergonha disso", disse ontem Sergei Kuprianov, porta-voz da Gazprom, que intensificou o uso de rotas alternativas, incluindo Belarus.
A ucraniana Naftogaz afirma que o desvio, equivalente a 7% das exportações diárias para a UE, é uma exigência técnica para manter a pressão nos gasodutos e diz que não usará suas reservas para facilitar as exportações russas.
O efeito do impasse entre Kiev e Moscou não deve ser sentido por consumidores europeus nas próximas semanas, segundo especialistas. Um prolongamento da crise, porém, pode afetar o continente, que importa da Rússia um quarto do gás que consome. Desde 2006, quando a interrupção do envido de gás à Ucrânia teve reflexos imediatos na UE, os países aumentaram seus estoques.
A ruptura política entre o Kremlin e a Ucrânia, ex-república soviética e aspirante a membro da Otan, alimenta tensões entre as estatais. A Gazprom e Naftogaz não chegaram a um consenso sobre o preço a ser pago pelo gás em 2009 e sobre supostas dívidas -que Kiev considera quitadas.

Com agências internacionais



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