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ORIENTE MÉDIO
Celso Amorim nega que o Itamaraty tenha mantido contatos com o grupo islâmico
Brasil quer que Hamas reconheça Israel
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Brasil espera que o novo governo da Autoridade Nacional
Palestina reconheça Israel e não
negará apoio ao Hamas, disse ontem o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim.
"O Brasil está disposto a apoiar
qualquer governo na Palestina
que, entre outras coisas, apóie a
formação e a consolidação do Estado palestino e, ao mesmo tempo, queira contribuir para a paz e
reconheça o Estado de Israel",
afirmou o chanceler brasileiro.
A seu ver, o fato de o Hamas ter
concorrido às eleições demonstra
que o grupo islâmico está disposto a cooperar. "Eu acho que,
quando se escolhe o caminho eleitoral, já se fez uma opção; naturalmente essa opção terá de ser confirmada na prática", afirmou
Amorim.
O Hamas, de acordo com o ministro, não fez nenhum contato
com o governo brasileiro. O Itamaraty também não fez contato
direto com o Hamas, mas divulgou nota no dia 26, "expressando
satisfação pelo clima de tranqüilidade" com que haviam ocorrido
as eleições.
Amorim fez referência à necessidade de haver condições econômicas para consolidar o Estado
palestino. Segundo ele, o Brasil
sempre apoiou a formação de um
Estado palestino "íntegro, coeso e
economicamente viável".
O ministro não comentou a crise financeira que a ANP (Autoridade Nacional Palestina) atravessa em razão do bloqueio de repasses de impostos por parte do governo de Israel.
Crise financeira
A ANP anunciou ontem que
atrasaria em pelo menos duas semanas o pagamento de salários
de seus 137 mil servidores públicos. A folha de pagamentos, de
US$ 116 milhões, deveria ter sido
quitada ontem. Mas a situação financeira da ANP passou a beirar
o colapso depois que Israel anunciou, anteontem, a suspensão do
repasse de US$ 55 milhões de impostos, em resposta à vitória eleitoral do partido e grupo terrorista
Hamas nas eleições legislativas
palestinas da semana passada.
Os governos da Arábia Saudita e
de Qatar tentam obter do Banco
Mundial o envio de US$ 60 milhões que foram congelados no
ano passado, em razão de prestações de contas irregulares.
Além disso, A Arábia Saudita
deve contribuir diretamente com
mais de US$ 20 milhões, e Qatar
com mais de US$ 13 milhões. No
entanto, de acordo com ministro
palestino das Finanças, Jihad al
Wazir, os Estados árabes só devem mandar dinheiro a partir de
amanhã. Segundo Wazir, os Emirados Árabes Unidos também
ajudariam, mas o ministro não especificou com que quantia.
Os EUA e a União Européia não
abastecem diretamente o orçamento palestino, mas enviaram
no ano passado US$ 900 milhões
para o financiamento de programas humanitários e para serem
aplicados em infra-estrutura. Essa
ajuda pode cessar caso o Hamas
não reconheça o Estado de Israel
nem se comprometa a abandonar
o terrorismo.
Mahmoud Abu Arrub, professor de economia na Universidade
de An Najah, na cidade cisjordaniana de Nablus, disse que o não-pagamento de salários desorganizaria de modo crônico a economia palestina e tenderia a provocar agitações em larga escala.
Fronteira
O primeiro-ministro palestino
demissionário, Ahmed Korei, pediu ontem que Israel reabrisse o
posto de fronteira de Karni, em
Gaza, para permitir que frutas e
legumes cultivados pelos palestinos possam ter acesso ao mercado israelense. O posto está fechado desde 15 de janeiro, e um relatório das Nações Unidas avalia
que os prejuízos palestinos já chegam a US$ 7 milhões.
"Os produtores espalharam
morangos e tomates pelas ruas de
Gaza", na impossibilidade de exportar aqueles produtos, disse o
primeiro-ministro.
Com agências internacionais
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