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Termo "guerra civil" se aplica ao Iraque, diz inteligência
Relatório apresentado a Bush afirma que violência sectária já supera terrorismo
Expressão, diz texto, "não captura de forma adequada a complexidade, mas descreve elementos-chave do conflito iraquiano"
SÉRGIO DÁVILA
DE WASHINGTON
Relatório sobre a situação do
Iraque preparado pelo Conselho Nacional de Inteligência
dos EUA e apresentado pelo
czar da inteligência ao presidente George W. Bush anteontem fala em guerra civil e traça
um retrato duro da situação do
país. As Estimativas Nacionais
de Inteligência dizem que a violência causada pelo sectarismo
supera a gerada pela al Qaeda.
É o primeiro documento oficial de Washington a usar o termo "guerra civil", embora com
ressalvas. "A comunidade de
inteligência julga que o termo
não captura de forma adequada
a complexidade do conflito no
Iraque, que inclui extensa violência entre xiitas e sunitas,
ataques da Al Qaeda e de insurgentes sunitas às forças da coalizão e disseminação de violência criminosa", afirma.
Ainda assim, continua, "o
termo "guerra civil" descreve
elementos-chave do conflito
iraquiano, incluindo o fortalecimento das identidades étnicas-sectárias, uma mudança no
teor da violência, mobilização
étnica-sectária e deslocamentos de população." O texto de
90 páginas foi preparado por
especialistas das 16 principais
agências de inteligência norte-americana. Parte de seu teor
veio a público ontem. A íntegra
foi apresentada ao Congresso.
Oposição à guerra
É mais um golpe à maneira
como o presidente republicano
vem conduzindo a Guerra do
Iraque, que já lhe custou o controle do Legislativo, perdido
para a oposição democrata nas
eleições de novembro, e lhe vale recordes negativos de popularidade.
O levantamento apresenta
"um olhar duro sobre o Iraque", admitiu Steve Hadley,
conselheiro de Segurança Nacional, mas "não está em conflito" com a nova estratégia do
presidente para a guerra. Em
plano apresentado no último
dia 10, Bush anunciou que pretende enviar 21,5 mil soldados
adicionais ao fronte. A escalada
vem causando reação bipartidária negativa no Senado.
Sobre o assunto, o relatório
avalia que, caso haja retirada
rápida dos soldados, como pedem alguns congressistas democratas, haveria muito mais
vítimas civis, sectarização do
governo, intervenção de países
vizinhos e o uso do Iraque como plataforma de ataques pela
al Qaeda. Ainda assim, afirma
que, se não forem feitos esforços para reverter a situação
atual entre 12 e 18 meses, "a situação geral de segurança vai
continuar a se deteriorar."
Em sua audiência de confirmação no Senado, J. Michael
McConnell disse que se comprometeria a manter relatórios
da comunidade de inteligência
-como o de ontem- independentes e livres de pressões políticas. A comunidade, disse,
aprendeu lições importantes
nos últimos anos.
Ontem ainda, um funcionário graduado do governo citado
por jornais locais afirmou que
Bush pedirá ao Congresso um
gasto militar adicional de US$
100 bilhões para operações no
Iraque e no Afeganistão, o que
levará a conta dos conflitos em
2007 para US$ 170 bilhões.
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