São Paulo, sábado, 03 de fevereiro de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Sérvia rejeita plano para Kosovo

Presidente sérvio diz que proposta da ONU "abre possibilidades de independência" à Província

Representantes de Kosovo afirmam que plano é início do último passo rumo à soberania e voltam a pedir independência

DA REDAÇÃO

Governantes sérvios rejeitaram o plano apresentado pela ONU ontem, em Belgrado e em Pristina, sobre o futuro de Kosovo, enquanto representantes da Província de maioria albanesa acolheram as propostas, afirmando que elas marcam o "início da fase final do processo rumo à independência".
O plano, desenhado pelo intermediador da ONU, Martti Ahtisaari, não menciona a palavra "independência" ou "soberania", mas permite que Kosovo estabeleça uma Constituição própria e que apresente sua candidatura para integrar organismos internacionais, direito normalmente reservado a Estados soberanos.
O território está sob a administração da ONU há oito anos, desde a intervenção militar da Otan, a aliança comandada pelos Estados Unidos, em favor dos kosavores, vítimas de perseguição por parte de Belgrado.
Governantes sérvios criticaram o plano, afirmando que ele é "injusto". Tomislav Nikolic, líder do partido vencedor das últimas eleições sérvias, o Radical, disse que um Kosovo independente levaria a Sérvia a declará-lo como "território ocupado". Ele afirmou que está pronto para começar uma nova guerra. Os radicais são os herdeiros do ditador Slobodan Milosevic, que morreu em Haia (Holanda) durante seu julgamento em tribunal internacional por genocídio nas guerras que se seguiram à implosão da antiga Federação Iugoslava, nos anos 1990.
O presidente sérvio, Boris Tadic, também rejeitou o plano da ONU, afirmando que ele "abre possibilidades de independência"."A Sérvia e eu, como seu presidente, nunca aceitaremos a independência de Kosovo", afirmou Tadic. Segundo Tadic, a proposta "não menciona explicitamente a independência de Kosovo, mas também não menciona a integridade territorial da Sérvia".

Recepção em Kosovo
Apesar de afirmar que a proposta "não contém tudo que era esperado e pedido", os representantes de Kosovo receberam bem o plano da ONU e pediram independência.
"O processo acabará logo e converterá Kosovo em um Estado independente com todas as garantias necessárias para todos os que vivem lá, sobretudo para a comunidade sérvia", afirmou o presidente de Kosovo, Fatmir Sejdiu.
Os sérvios, cristãos ortodoxos, representam 7% da população da Província e há temores de que as propostas possam elevar tensões entre eles e a maioria étnica albanesa, muçulmanos seculares.
O Departamento de Estado dos EUA classificou as propostas como "justas e balanceadas". A União Européia também saudou o novo plano, que prevê que a Província possa formar um Exército limitado, um Judiciário independente e possuir bandeira própria.
De acordo com o documento, Kosovo continuará a ser governado por um "representante civil" estrangeiro, apontado pela União Européia e pela Otan. O plano não estipula uma data para que o poder seja entregue aos kosovares.

Conselho de Segurança
Ahtisaari pediu que Sérvia e Kosovo conversem sobre suas propostas e apresentem sugestões. "Eu espero integrar ao plano soluções a que cada parte pode chegar, e então, finalmente submetê-lo ao Conselho de Segurança da ONU", disse Ahtisaari. O mediador da ONU afirmou que gostaria de apresentar as propostas em março ao órgão, que deve tomar a decisão final sobre a aplicação do plano.
No Conselho de Segurança, o plano enfrenta mais um obstáculo para ser aprovado: a Rússia -que tem poder de veto- é aliada da Sérvia e rejeita a independência da Província.


Com agências internacionais


Texto Anterior: Mundo agora é "não-polar", diz estudo
Próximo Texto: Frase
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.