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Sérvia rejeita plano para Kosovo
Presidente sérvio diz que proposta da ONU "abre possibilidades de independência" à Província
Representantes de Kosovo afirmam que plano é início do último passo rumo à soberania e voltam a
pedir independência
DA REDAÇÃO
Governantes sérvios rejeitaram o plano apresentado pela
ONU ontem, em Belgrado e em
Pristina, sobre o futuro de Kosovo, enquanto representantes
da Província de maioria albanesa acolheram as propostas,
afirmando que elas marcam o
"início da fase final do processo
rumo à independência".
O plano, desenhado pelo intermediador da ONU, Martti
Ahtisaari, não menciona a palavra "independência" ou "soberania", mas permite que Kosovo estabeleça uma Constituição própria e que apresente sua
candidatura para integrar organismos internacionais, direito
normalmente reservado a Estados soberanos.
O território está sob a administração da ONU há oito anos,
desde a intervenção militar da
Otan, a aliança comandada pelos Estados Unidos, em favor
dos kosavores, vítimas de perseguição por parte de Belgrado.
Governantes sérvios criticaram o plano, afirmando que ele
é "injusto". Tomislav Nikolic,
líder do partido vencedor das
últimas eleições sérvias, o Radical, disse que um Kosovo independente levaria a Sérvia a
declará-lo como "território
ocupado". Ele afirmou que está
pronto para começar uma nova
guerra. Os radicais são os herdeiros do ditador Slobodan Milosevic, que morreu em Haia
(Holanda) durante seu julgamento em tribunal internacional por genocídio nas guerras
que se seguiram à implosão da
antiga Federação Iugoslava,
nos anos 1990.
O presidente sérvio, Boris
Tadic, também rejeitou o plano
da ONU, afirmando que ele
"abre possibilidades de independência"."A Sérvia e eu, como seu presidente, nunca aceitaremos a independência de
Kosovo", afirmou Tadic. Segundo Tadic, a proposta "não
menciona explicitamente a independência de Kosovo, mas
também não menciona a integridade territorial da Sérvia".
Recepção em Kosovo
Apesar de afirmar que a proposta "não contém tudo que era
esperado e pedido", os representantes de Kosovo receberam bem o plano da ONU e pediram independência.
"O processo acabará logo e
converterá Kosovo em um Estado independente com todas
as garantias necessárias para
todos os que vivem lá, sobretudo para a comunidade sérvia",
afirmou o presidente de Kosovo, Fatmir Sejdiu.
Os sérvios, cristãos ortodoxos, representam 7% da população da Província e há temores
de que as propostas possam
elevar tensões entre eles e a
maioria étnica albanesa, muçulmanos seculares.
O Departamento de Estado
dos EUA classificou as propostas como "justas e balanceadas". A União Européia também saudou o novo plano, que
prevê que a Província possa
formar um Exército limitado,
um Judiciário independente e
possuir bandeira própria.
De acordo com o documento,
Kosovo continuará a ser governado por um "representante civil" estrangeiro, apontado pela
União Européia e pela Otan. O
plano não estipula uma data
para que o poder seja entregue
aos kosovares.
Conselho de Segurança
Ahtisaari pediu que Sérvia e
Kosovo conversem sobre suas
propostas e apresentem sugestões. "Eu espero integrar ao
plano soluções a que cada parte
pode chegar, e então, finalmente submetê-lo ao Conselho de
Segurança da ONU", disse Ahtisaari. O mediador da ONU
afirmou que gostaria de apresentar as propostas em março
ao órgão, que deve tomar a decisão final sobre a aplicação do
plano.
No Conselho de Segurança, o
plano enfrenta mais um obstáculo para ser aprovado: a Rússia -que tem poder de veto- é
aliada da Sérvia e rejeita a independência da Província.
Com agências internacionais
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