|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Sob pressão, Israel segue atacando Gaza
ONU e União Européia vêem uso excessivo e desproporcional de força; palestinos suspendem negociações de paz
Número de palestinos
mortos caiu ontem, pois
Hamas isolou civis de áreas
atacadas; palestino é morto
em protesto na Cisjordânia
DA REDAÇÃO
O presidente da ANP (Autoridade Nacional Palestina),
Mahmoud Abbas, suspendeu
ontem as negociações de paz
com Israel, que, ignorando apelos internacionais, continuou
atacando a faixa de Gaza. O número de mortos passou de cem
desde quarta-feira, e protestos
ocorreram em toda a região.
Oito palestinos, incluindo
uma menina de 21 meses, morreram ontem. No total, os mortos já somam 106 desde quarta-feira, quando os ataques se intensificaram. Aproximadamente a metade é de civis. Entre os israelenses, morreram
dois soldados e um civil.
Ainda assim, os números são
bem inferiores aos de sábado,
quando 61 palestinos morreram -fazendo o dia mais mortífero desde 2000.
A redução pode ser explicada
por uma nova estratégia do Hamas, grupo islâmico que controla Gaza desde junho. Ele
mandou seus milicianos usarem passagens cobertas e evitarem andar em grupos, além de
ordenar que escolas fechassem:
os alunos haviam sido liberados para assistir aos combates.
Também houve bloqueios para
afastar civis de áreas atacadas.
As normalmente movimentadas ruas da cidade de Gaza esvaziaram ontem. Os versos do
livro sagrado muçulmano saindo dos alto-falantes de mesquitas se misturavam com o ronco
dos aviões de guerra de Israel.
Apesar da rivalidade com o
Hamas, Abbas suspendeu as
conversações com Israel, relançadas com muito barulho durante a Cúpula de Annapolis
(EUA), em novembro. Não está
claro se serão retomadas, mas
amanhã a secretária de Estado
americana, Condoleezza Rice,
deve chegar à região.
Num movimento simbólico,
Abbas doou sangue para moradores de Gaza. "Estamos acompanhando a agressão contra
nosso povo", acrescentando
que apelou à comunidade internacional por ajuda.
A ofensiva israelense puxou
um coro de condenação internacional. De um modo geral, Israel foi acusado de uso excessivo de força, mas o primeiro-ministro Ehud Olmert rejeitou as
críticas: "Nada nos impedirá de
continuar as operações para
proteger nossos cidadãos. Ninguém tem o direito moral de
pregar contra Israel por dar os
passos básicos da auto-defesa".
Para ele, atacar o Hamas "reforça a chance de paz".
Para o ministro da Defesa
Ehud Barak, uma ação maior
em Gaza é possível, com o objetivo de não só destruir mísseis
mas também "enfraquecer o
Hamas e até derrubá-lo".
Israel regularmente combate
os mísseis de Gaza, mas intensificou suas operações na semana passada depois que militantes atacaram Ashkelon, distante apenas 40 km de Tel Aviv.
Protestos
Em Hebron, na Cisjordânia,
um menino de 14 anos foi morto com tiros no peito durante
um protesto contra Israel. Um
porta-voz militar disse que jovens protagonizaram uma "demonstração violenta", jogando
bombas contra soldados.Os
manifestantes gritavam: "Vingança, vingança".
Duas mil pessoas portavam a
bandeira verde do Hamas, movimento que controla a faixa de
Gaza, e a amarela do rival Fatah, de Abbas. A polícia respondeu com gás lacrimogêneo.
O Conselho de Segurança da
ONU, a pedido de Abbas, deveria se reunir ontem à noite. O
segretário-geral da instituição,
Ban Ki-moon, definiu como
"profundamente alarmante" a
escalada de violência. Ainda
que tenha admitido o direito de
Israel de se defender, Ban condenou o "uso desproporcional e
excessivo de força".
A Casa Branca pediu a volta
das negociações de paz. "Os
EUA lamentam as perdas humanas e pedem o fim de todos
os atos de terrorismo contra civis inocentes. A violência precisa acabar", declarou Gordon
Johndroe, porta-voz do Conselho de Segurança Nacional.
O papa Bento 16 pediu o fim
"unilateral e sem condições"
dos combates. "[É preciso] um
respeito absoluto pela vida humana, incluindo a do inimigo."
A presidência da União Européia condenou "o uso desproporcional" da força do Exército
de Israel e pediu "que as duas
partes cessem as hostilidades".
O Egito, que cooperava com
Israel no isolamento à Gaza,
abriu sua fronteira com o território para entrarem os feridos.
Também enviou ambulâncias.
A Organização da Conferência Islâmica anunciou o envio
de ajuda humanitária a Gaza e
classificou como "crime de
guerra" a ofensiva israelense.
Com agências internacionais
Texto Anterior: No Iraque, Ahmadinejad acusa Bush de terrorismo Próximo Texto: Frases Índice
|