São Paulo, quinta-feira, 03 de março de 2011

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Brasileiro é quem distribui os alimentos

DO ENVIADO A RAS JEDIR

Oficiais de alta patente, médicos, funcionários da ONU e voluntários de organismos internacionais.
Todos querem falar com o paulista Silas Barbeiro, visivelmente um dos homens mais atarefados no campo montado para receber os estrangeiros fugidos da Líbia.
Barbeiro é solicitado porque é quem coordena um dos pontos nevrálgicos do local: a produção e distribuição de refeições quentes para a população do campo de refugiados.
O brasileiro radicado há duas décadas no norte da África -9 anos no Marrocos e 11 na Tunísia- é membro de uma ONG sueco-tunisiana chamada ACP, voltada para amparo e desenvolvimento social.
Barbeiro, 56, dá instruções em árabe, inglês e francês fluentes. Ele carrega no "r" ao falar português, mantendo o sotaque característico do interior de São Paulo -nasceu na cidade de São José do Rio Preto.

DOAÇÃO DE LEITE
Circulando com desenvoltura por todas as áreas do campo, ele mostrou à Folha as enormes panelas empregadas para cozinhar, o caminhão-pipa usado para lavar a louça e as barracas onde são armazenados os alimentos doados.
"Os tunisianos doaram enormes quantidades de leite, eles adoram. Mas os egípcios, majoritários no campo, não têm o mesmo hábito. Vai sobrar", afirma.
Barbeiro, que mora com a mulher, também brasileira, numa área ao norte, próxima da fronteira com a Argélia, se diz apaixonado pela Tunísia.
"A generosidade desse povo é impressionante. Eles acabam de passar por uma revolução, o país está totalmente desajeitado, e eles conseguem se mostrar tão pacientes para ajudar essas pessoas que estão saindo da Líbia", diz.
O brasileiro se diz cristão e afirma que a ONG para a qual trabalha tem uma dimensão religiosa.
Perguntado se a organização tem missão de espalhar o Evangelho, ele desconversou. "Os tunisianos são abertos em matéria de religião. Quando me perguntam qual é a minha crença, respondo livremente. Cada um é livre para escolher o melhor para si." (SAMY ADGHIRNI)



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