São Paulo, terça-feira, 03 de abril de 2007

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Imigração ameaça "pacto social" francês, diz Sarkozy

Candidato a presidente prega contenção ao fluxo de imigrantes e o liga à "explosão social"

Em novo livro, conservador defende criação da pasta da "imigração e identidade nacional" e questiona a política monetária da UE

Philippe Wojazer/Reuters
Sarkozy em campanha ontem em uma fazenda em Vionay (oeste), após dizer que imigrantes põem em risco identidade francesa


DA REDAÇÃO

No lançamento de "Ensemble" [Juntos], seu novo livro, o candidato conservador à Presidência da França, Nicolas Sarkozy, reafirmou ontem suas diretrizes de campanha e voltou a defender "a identidade nacional" e um maior controle do fluxo migratório como forma de garantir a manutenção "do pacto social" francês.
No texto de 158 páginas, definido pelo próprio Sarkozy como uma "carta aos franceses" que vem "do fundo do coração", o ex-ministro do Interior diz mostrar sua concepção de Estado e poder, seus valores e sua ambição para a França.
"Ensemble" menciona a iniciativa mais controversa do candidato, que lidera as pesquisas de intenção de voto para as eleições do dia 22: a criação de um ministério "da imigração e da identidade nacional".
Na entrevista de lançamento ontem, Sarkozy relacionou o "descontrole imigratório nos últimos 30, 40 anos" com a "explosão social" nos subúrbios: "Há uma França exasperada. E por que está? Porque a identidade nacional foi posta em risco por uma imigração descontrolada, pela fraude ou pelos desperdícios de fundos".
"O controle da imigração é uma obrigação para salvaguardar nosso pacto social. Do contrário, explodirá", discursou.
A defesa de uma pasta para "imigração e identidade" -aliada à idéia, também de Sarkozy, de que deve haver uma seleção para os imigrantes e um compromisso de que respeitarão as leis francesas e aprenderão o idioma- tem recebido críticas e ressalvas até de aliados.
Ontem foi a vez do primeiro-ministro Dominique de Villepin, do mesmo partido de Sarkozy, afirmar que "não está completamente de acordo" com o projeto para o novo ministério. Sem aprofundar os argumentos, Villepin disse preferir a criação, se necessário, de uma "agência de imigração".
Na coletiva, Sarkozy culpou a esquerda "pela crise moral" francesa e atacou Ségolène Royal, a candidata socialista em segundo lugar na disputa e, hoje, sua provável adversária no segundo turno, em 6 de maio.
Apesar dos ataques, o livro lançado ontem tenta rebater a imagem de político "duro e ambicioso" do conservador. Em "Ensemble", ele escreve frases como "a política serve para unir os franceses, e não separá-los".
Na apresentação, Sarkozy também questionou a política monetária da União Européia, que teria ênfase limitada ao combate da inflação -defendeu que o euro seja enfraquecido para dar mais competitividade à indústria francesa.
O candidato prometeu "emprego pleno" (fazer a taxa de desemprego cair dos atuais 8,4% para 5% em cinco anos) e equilibrar as contas do Estado francês até 2010 -para tanto, propõe uma reforma da administração em que uma das medidas será reduzir para 15 o número de ministérios.
Segundo Sarkozy, seu governo será baseado em três princípios: transparência, cultura de resultado e concertação política.


Com agências internacionais


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