São Paulo, quarta-feira, 03 de maio de 2006

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Acuado, Villepin descarta renúncia

ELAINE GANLEY
DA ASSOCIATED PRESS

O primeiro-ministro da França, Dominique de Villepin, que está com sua autoridade em frangalhos, condenou o que chamou de "campanha suja" contra ele e disse ontem que não vai renunciar, apesar do escândalo político que se seguiu à sua humilhante derrota ante os protestos de estudantes.
Villepin disse a uma rádio francesa que continuará no posto de primeiro-ministro até o início da campanha para a eleição presidencial no ano que vem - praticamente admitindo que foi excluído da corrida eleitoral.
Villepin negou qualquer participação no caso em que é acusado de pedir secretamente uma investigação sobre seu rival político, o ministro do Interior, Nicolas Sarkozy, baseado em suspeitas de corrupção. Sarkozy é considerado o provável candidato do partido do governo para o cargo de presidente em 2007.
Questionado sobre o caso por parlamentares, sob gritos de alguns e caretas de outros, em sessão na Assembléia Nacional, Villepin disse que é alvo de uma "terrível campanha de sujeira e mentiras". "Suficiente é suficiente", disse ele. Acrescentou ainda estar pronto para ser interrogado por oficiais de Justiça.
Villepin, protegido do presidente Jacques Chirac, viu sua popularidade afundar após os protestos que aconteceram no fim do ano passado, nas periferias pobres da França. Além disso, as recentes manifestações de estudantes o forçaram a revogar a lei do primeiro emprego para a qual buscava aprovação no Parlamento.
No mais recente de seus problemas,Villepin enfrenta acusações de ter pedido a um agente da inteligência francesa, em 2004 para, secretamente, investigar Sarkozy, a respeito de recebimento de propina numa venda avaliada em US$ 2,8 bilhões de seis fragatas francesas para Taiwan, em 1991. A soma teria sido depositada em uma conta da empresa Clearstream, de Luxemburgo.
Importantes lideranças da oposição exigiram a renúncia de Villepin e pediram a Chirac que tomasse uma atitude. "Nada justifica uma saída hoje", disse Villepin à rádio Europa-1, citando o momento político do escândalo -um ano antes das eleições presidenciais. "Nós vivemos anos com o mesmo cenário." Uma pesquisa publicada nesta terça-feira pelo diário "Libération" deu a Villepin 20% de popularidade.
Ao negar participação no chamado caso Clearstream, Villepin apontou uma entrevista publicada nesta terça-feira no jornal "Le Figaro" como "prova". O general Philippe Rondot negou na entrevista que tenha sido pago por Villepin para investigar Sarkozy. O jornal "Le Monde" afirmara na semana passada que Villepin pediu especificamente a Rondot que investigasse Sarkozy e outras figuras políticas envolvidas no caso.


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