São Paulo, quinta-feira, 03 de maio de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Chanceler israelense pede a Olmert que renuncie

Livni, que faz parte do mesmo partido, é vista como possível sucessora do premiê

Pressão sobre o premiê cresceu após relatório de comissão que o criticou por decisões relacionadas à guerra com o Hizbollah

Kevin Frayer/Reuters
Livni e Olmert em reunião; premiê é cada vez mais impopular


ISABEL KERSHNER
STEVEN ERLANGER
DO "NEW YORK TIMES", EM JERUSALÉM

A chanceler israelense, Tzipi Livni, disse ontem ao premiê Ehud Olmert que ele deveria renunciar, depois da divulgação do relatório que o critica severamente por seu desempenho na guerra contra o Hizbollah, em julho e agosto do ano passado. "Expressei ao premiê minha opinião de que o certo seria que ele renunciasse", afirmou Livni depois de uma reunião com Olmert. Mas ela, que também ocupa o posto de vice-premiê, disse que não tinha intenção de renunciar aos seus cargos e afirmou que queria pôr fim aos "rumores" de que estaria trabalhando pela derrubada do chefe de governo. Acrescentou, no entanto, que se apresentaria como candidata à liderança do partido Kadima, ao qual ambos pertencem, caso Olmert renuncie. No começo do dia de ontem, um importante líder do partido pediu abertamente a renúncia de Olmert, o que parece ter ampliado a pressão cada vez mais intensa sobre o premiê.
Avigdor Itzhaki, líder da bancada parlamentar do Kadima e presidente da coalizão governista, disse à rádio do Exército que estava "tentando convencer outros membros do Kadima a pedir a renúncia do premiê". Em resposta, assessores de Olmert classificaram o líder parlamentar de "subversivo" desleal que "não tem lugar neste governo".

Questão de tempo
Na mídia israelense, havia muita especulação sobre a possibilidade de Livni aderir aos apelos pela renúncia de Olmert e também sobre a possibilidade de ela mesma renunciar. Acredita-se que Itzhaki estaria trabalhando em nome de um grupo cujo objetivo seria substituir Olmert por Livni. Em uma reunião de emergência do gabinete israelense, na manhã de ontem, Olmert recomendou a todos os seus críticos que "se acalmassem". Ex-prefeito de Jerusalém e membro veterano de gabinetes israelenses, Olmert foi criticado, no relatório de uma comissão constituída pelo governo, por ter agido de maneira precipitada ao decidir ir à guerra. O ministro da Defesa, Amir Peretz, outro alvo das críticas, também estaria considerando a possibilidade de renunciar imediatamente.
As pesquisas de opinião pública demonstram que uma imensa maioria dos cidadãos favorece a renúncia imediata de Olmert e Peretz. Mas, oito meses depois da guerra, há pouca ira visível nas ruas. O sentimento generalizado é o de que o premiê está simplesmente marcando tempo e que sua renúncia ou derrubada é inevitável, se não agora então até o fim de setembro, quando a comissão divulgará a segunda parte do relatório, sobre a etapa final de combate.


Tradução de PAULO MIGLIACCI


Texto Anterior: "Cólera" pode derrotar candidata socialista
Próximo Texto: Perfil: Livni fundou Kadima com Ariel Sharon
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.