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Primeira-ministra restaurou grandeza britânica, diz biógrafo
DE LONDRES
Margaret Thatcher, a mulher
mais poderosa do século 20, subiu ao poder muito insegura,
para ao longo dos anos 80 se
tornar confiante até demais, o
que acabou por torná-la arrogante. Hoje, é uma "velhinha"
de 83 anos, de memória frágil,
mas saúde estabilizada, diz
Charles Moore, 52, seu biógrafo autorizado (mas não oficial).
Um dos poucos a terem acesso à vida de Thatcher depois
que ela deixou o poder, o ex-editor do jornal conservador
"Daily Telegraph" conta que a
antiga "dama de ferro" sofreu
uma série de pequenos derrames e perdeu a prodigiosa capacidade para os detalhes.
(PDL)
FOLHA - Qual a importância da infância e do pai para definir a futura
baronesa Thatcher?
CHARLES MOORE - Ela vivia numa
cidade provinciana, que não estava em contato com o mundo
lá fora. Veio de uma família relativamente humilde, porque
seu pai, Alfred Roberts, era um
dono de quitanda.
Quando ela se tornou política, acreditava fortemente que
podia aplicar as lições de comandar uma quitanda para a
esfera nacional, o que a tornava
muito hostil à presença governamental, a grandes negócios e
a impostos pesados. Seu pai
deu a ela um forte sentimento
de acreditar nos pequenos negócios, na liberdade e no que
vem de fora da elite.
FOLHA - Nos últimos anos, o senhor teve um acesso raro à vida de
Thatcher. O que mudou dos tempos
em que ela estava no poder?
MOORE - Quando ela entrou no
poder, há 30 anos, era muito
nervosa, porque sabia que, se
desse errado, ninguém iria salvá-la, porque não fazia parte do
establishment conservador.
Constantemente temia ser derrubada, o que a tornou extremamente ansiosa e batalhadora para fazer o melhor que pudesse. Mas venceu três eleições, e com o tempo ficou mais
autoconfiante.
A grande mudança foi quando venceu a Guerra das Falklands. Foi aí que soube que
não podia ser derrotada dentro
do partido e tinha uma enorme
chance de vencer as próximas
eleições. Mas isso foi em 1982, e
no final dos anos 80 ela se tornou confiante em excesso.
Em 1990, quando foi tirada
do poder por seus colegas, ficou
raivosa e confusa sobre o que
fazer. Gradualmente, ela se tornou mais distante da política.
FOLHA - O que o sr. definiria como
o legado do governo Thatcher?
MOORE - Ela era obcecada com
a ideia de que o Reino Unido tinha fracassado política e economicamente depois da [Segunda] Guerra, e queria restaurar o que ela acreditava serem
as qualidades britânicas. De
certo modo, não era revolucionária, mas uma restauradora.
Acreditava que o Reino Unido tinha grandes qualidades,
que estavam perdidas, e por vários ângulos ela foi bem sucedida nisso, em termos de liberdade econômica e oportunidade e
coragem em questões globais.
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